ISSN 2359-5191

25/09/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 88 - Meio Ambiente - Instituto de Biociências
Anfíbios contribuem para planejar a conservação do Cerrado

São Paulo (AUN - USP) - Em busca de ampliar a base de dados dos anuros, um grupo de anfíbios, durante quatro anos, a pesquisadora Paula Hanna Valdujo desenvolveu uma pesquisa que resultou na tese de doutorado Diversidade e distribuição de anfíbios no Cerrado: o papel dos fatores históricos e dos gradientes ambientais.

Defendida em 2011, Paula realizou um mapeamento das espécies de anfíbios do Cerrado, uma vegetação de clima tropical, constituída por plantas que se adaptam a duas estações bem definidas – chuvosa e seca – e que, no Brasil, ocupam os estados da região Centro-Oeste: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal; além do sul do Pará e do Maranhão, interior do Tocantins, do oeste da Bahia e Minas Gerais e do norte de São Paulo.

Conhecido como as “savanas brasileiras”, as vegetações do Cerrado, geralmente, são árvores baixas, arbustos espaçados e gramíneas (tipo capim), além de florestas ao longo dos rios. A região em que se localiza é composta por várias bacias hidrográficas, com rios que nascem lá e correm para a Amazônia, para a Caatinga e para a Mata Atlântica. Essa combinação de conexões entre os espaços é em parte responsável pela alta diversidade de anfíbios no Cerrado.E é nesse espaço, da região neotropical, com a maior quantidade de anuros do mundo, que existemespécies endêmicas desseanfíbio, divididos em dois grupos: o de florestas úmidas e o de formações abertas, restritos desse lugar.

A pesquisadora analisou a distribuição das espécies de anuros e descobriu que ela é regionalizada. Há fatores que influenciam, como por exemplo, tipos de ambiente para reprodução, a convivências com outras espécies, a tolerância ao frio, calor e à seca, e até mesmo a história de sua linhagem. Um dos destaques do estudo está nas hipóteses da relação dessa distribuição com a formação biogeográfica do espaço em que a espécie se encontra.

Por meio de análises espaciais, Paula utilizou um método recente, os modelos de dissimilaridade. Ela associou as diferenças ambientais dentro do Cerrado e as espécies encontradas. Pôde verificar as espécies de anfíbios que se encontravam em locais mais altos eram muito diferentes daquele que habitavam vales. Isso pode ser explicado justamente por causa da estrutura dos ambientes, alguns onde tem riachos, vão abrigar espécies que precisam de água corrente para se reproduzir, enquanto outros que apenas formam poças vão ter espécies que precisam de água parada.

Outro resultado relevante da pesquisa é a questão dos eventos que ocorrem nos espaços geográficos. Desmatamentos, mudanças climáticas, e outras situações podem acontecer com frequência e interferir na biodiversidade daquele local. Às vezes, a diversidade é baixa num determinado lugar porque teve perda de espécies durante esses eventos, que impediram a sua reprodução ou, até mesmo, a sua sobrevivência.

O trabalho surgiu quando Paula trabalhava como consultora do Ministério do Meio Ambiente, onde teve contato com os estudos existentes para áreas de preservação da biodiversidade. Com a finalidade aumentar a quantidade de informações sobre os anfíbios para que elas pudessem ser utilizadas no planejamento de conservação do Cerrado, ela criou o projeto da pesquisa de forma a tentar compreender os condicionantes históricos dos padrões atuais de distribuição.

Os estudos foram realizados a partir de coleções de museus de animais e de alguns coletados em campo por pela própria pesquisadora. Foram 11 coleções diferentes, mais de 30 mil exemplares, pertencentes a 204 espécies de anuros. Paula conta da dificuldade para realizar todo o mapeamento de uma área. “A gente nunca consegue toda a informação a respeito da distribuição num espaço para definir que área é importante para a conservação”, explica.

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