ISSN 2359-5191

13/06/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 36 - Saúde - Escola de Educação Física e Esporte
Prevenção de lesões de joelho é foco da medicina esportiva
Lesionamento de atletas foi destaque de palestra ministrada na EEFE

Um dos maiores ícones do futebol brasileiro e mundial, o atacante Ronaldo Nazário de Lima enfrentou problemas além dos confrontos com zagueiros, goleiros ou grandes seleções enquanto jogador. O Fenômeno conviveu com pelo menos três graves lesões de joelho durante sua carreira profissional. As rupturas em ligamentos do joelho e as dores crônicas foram as grandes responsáveis por seu término de carreira antecipado, quando tinha apenas 34 anos – idade considerada precoce para uma aposentadoria futebolística.

Infelizmente, Ronaldo é apenas um entre os milhões de esportistas mundo afora que enfrentaram, enfrentam ou enfrentarão tais problemas. Dada a relevância da questão, a prevenção de lesões de joelho em atletas foi tema de palestra proferida na Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE) pelo professor, ex-atleta de alto rendimento de handebol e personal trainer Lúcio Martins. A apresentação aproximou alunos, profissionais e interessados na área esportiva aos atuais métodos e estudos relacionados à intervenção nas lesões de esportistas.

Durante a palestra, Martins trabalhou com duas situações distintas de lesões em joelho: a do ligamento cruzado anterior (LCA) e a da síndrome da dor anterior (condromalácia patelar). A primeira é, nas palavras do professor, “uma lesão aguda, súbita, em que há o rompimento do ligamento”, enquanto a segunda é causada pelo o que ele denominou “excesso de uso”. A LCA é caracterizada por entorses e é comumente vista em atletas de futebol e basquete, por exemplo. Corredores acostumados a percorrer longas distâncias e sobrecarregar os joelhos são exemplos típicos da condromalácia patelar.



Ilustrações explicam, respectivamente, da esquerda para a direita, as lesões de LCA e condromalácia patelar

Os fatores de risco e o pensamento preventivo
Ao expor os fatores que, em geral, levam ao lesionamento de um atleta, o ex-jogador de handebol os dividiu em dois grupos: extrínsecos e intrínsecos. Quando o assunto são as LCAs, os fatores externos que facilitam o ocasionamento de lesões são os esportes e suas regras – como a permissão da jogada chamada de “carrinho” no futebol –, a superfície dos jogos – como pisos de madeira em esportes de quadra – e até padrões de calçados. Internamente, por sua vez, aparecem a idade, o sexo– estudos comprovam que as mulheres têm maior tendência a sofrer este tipo de lesão –, hormônios – no caso das  mulheres, o ciclo menstrual –, lesão prévia e/ou recuperação inadequada e fraqueza e/ou desequilíbrios musculares.

Em relação à condromalácia patelar, são fatores extrínsecos o tipo de atividade esportiva – corridas de longas distâncias, por exemplo –, o nível de competitividade – querer bater metas atrás de metas, comparando-se ao seu próprio recorde e a recordes de outros atletas –, a superfície do jogo – correr na grama, no asfalto, na terra, entre outros – e o chamado “multiesportista” – cidadão que, de forma recreacional, pratica diversos esportes e, consequentemente, sofre de sobrecarga. Intrinsecamente, aparecem lesão prévia, IMC e problemas de flexibilidade como principais causadores da síndrome da dor anterior no joelho.

Durante a palestra, Martins citou a linha de raciocínio usada por fisioterapeutas, técnicos e preparadores físicos para intervirem na incidência de lesões, a qual é dividida em quatro etapas. “O processo começa levantando o problema em relação à incidência, à gravidade e às consequências futuras, para poder entender, de fato, o caso”, explicou. “No segundo passo, determina-se o entendimento melhor sobre os mecanismos de lesão e os fatores de risco inerentes àquele padrão.”

As últimas etapas são as que envolvem ações práticas visando combater possíveis lesões nos atletas. Martins explicou o terceiro passo como o momento de “começar a pensar em como implantar, em como modificar o que está ao meu alcance para diminuir essa incidência de lesões e permitir que meu atleta continue performando.” O professor finalizou a explicação dizendo que “o quarto passo é nada mais, nada menos, do que voltar ao primeiro, na medida em que há um levantamento de dados e uma avaliação dos resultados do processo realizado até aqui.”

Esporte, saúde e lesões
É possível diminuir a magnitude e a incidência dos problemas de lesões em atletas, mas não há como “milagres” serem feitos, conforme explicado por Martins. Ou seja, por mais que um tratamento preventivo de qualidade seja feito com determinado atleta, ele está sob situações de riscos a partir do momento em que inicia uma prática esportiva.

A Federação Internacional de Futebol (FIFA) chegou a criar um programa disponível gratuitamente em seu site oficial visando ajudar na prevenção de lesões. O portal F-Marc (http://f-marc.com/11plus/pagina-inicial/) disponibiliza dezenas de vídeos de curta duração com demonstrações das formas corretas de se realizar alongamentos e aquecimentos pré-treinamentos e jogos. Ademais, a FIFA disponibiliza um manual com diversas posições, explicações e até quantidades e frequências aconselhadas para cada um dos exercícios.


Vídeo de exemplo de um dos diversos aquecimentos sugeridos pela F-Marc, da FIFA
 
Estas situações de riscos comumente vistas nas quadras, campos e gramados mundo afora acabam como responsáveis pelas práticas esportivas de alto rendimento serem relacionadas, cada vez mais, às lesões, conforme lamentado por Martins. “No senso comum, há uma tendência em ligar o esporte ao conceito de saúde. Mas, infelizmente, existe uma íntima relação entre esporte e lesão”, explicou o professor. “O atleta se impõe no jogo a um ritmo de solicitação que vai além daquilo que é fisiológico.”
 

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