ISSN 2359-5191

27/09/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 72 - Meio Ambiente - Instituto de Pesquisas Energéticas
Acelerador de Elétrons é usado para tratar esgoto industrial
Em parceria com a Sabesp, trabalho usa radiação para quebrar e remover compostos orgânicos de resíduos industriais em estação de Suzano
Acelerador de elétrons JOB 307 por dentro

O despejo de resíduos industriais sem tratamento é um problema para o meio ambiente. Muitos efluentes carregam matéria orgânica poluente ou tóxica que contaminam a água, o solo e o ar. As cientistas Celina Lopes Duarte e Suely Borrely estão desenvolvendo pesquisas com o objetivo de tratar os efluentes industriais para que que a água devolvida ao meio ambiente não seja prejudicial.

A pesquisa é realizada no Centro de Tecnologia das Radiações (CTR), no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - Ipen. O tratamento dos efluentes, líquidos ou gasosos, é feito através de um Acelerador de Elétrons. O aparelho emite radiação de elétrons que, em contato com a água e seus poluentes, promove a liberação de radicais livres. Estes radicais são os responsáveis por degradar os compostos orgânicos poluentes de origem industrial. Celina conta sobre o trabalho em parceria com a Sabesp. “Trabalhamos com a Sabesp, numa estação de Suzano. Como eles têm muitos resíduos industriais, usamos a radiação pra quebrar e remover estes compostos orgânicos.”

A radiação também esteriliza o material tratado, matando bactérias e vírus presentes. As pesquisas também buscam tratar resíduos de fármacos. Suely fez testes que avaliaram se a toxicidade da água também era reduzida pela radiação. “Além da degradação, efetivamente, o processo contribui com a redução da carga tóxica do efluente.”

O engenheiro Samir Somessari, responsável por coordenar o uso do acelerador no Ipen, relata que, no Brasil, um dos métodos usados pelas empresas para tratar seus resíduos consiste em pagar à Sabesp para que ela os trate. No exterior já existem empresas que usam o acelerador para tratar resíduos industriais. Suely e Celina destacaram a  importância de tratar os efluentes no lugar em que eles são produzidos, nas fábricas, desta forma, a contaminação do ambiente fica bastante reduzida.

O tratamento convencional faz uso de processos físicos e químicos como, por exemplo, usar bactérias que decomponham os compostos orgânicos. “Estes métodos são bem mais baratos” diz Celina, porém, menos eficientes. “A principal vantagem do tratamento com radiação ionizante é que você consegue degradar a maioria dos compostos orgânicos, os mais recalcitantes, mais complexos, você consegue esterilizar o efluente e é um processo rápido de tratamento. Segundo Samir Somessari, um acelerador como o JOB 307, usado para as pesquisas no IPEN, custaria em torno de US$ 4 milhões. O valor não é inacessível para grandes empresas, mas se torna pouco atraente, na medida em que o tratamento de esgoto não gera lucro.

Os tratamentos convencionais costumam fazer uso de produtos que podem deixar resíduos químicos na água. Enquanto a radiação emitida pelo acelerador de elétrons não deixa resíduos no meio ambiente. Suely afirma que as pesquisas também buscam métodos de inserir a água tratada pelo acelerador no processo industrial das empresas, reutilizando-a de maneira sustentável, otimizando, assim, os custos e o processo. Celina reforça que o acelerador “deveria ser usado para tratar efluentes complexos com bactérias mais nocivas que contaminam o ambiente e não para tratar esgoto doméstico.”

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