ISSN 2359-5191

27/11/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 106 - Arte e Cultura - Teatro da Universidade de São Paulo
Realidades Incendiárias é tema da 1ª Bienal Internacional de Teatro da USP
Primeira Bienal Internacional de Teatro da USP traz extensa programação que une espetáculos, workshops e mesas redondas para se discutir o teatro no Brasil e no mundo
Cena do espetáculo do grupo Quatroloscinco - Teatro do Comum. A peça Outro Lado trata da história de personagens a partir do confinamento em um determinado espaço, enquanto do lado de fora há o caos. Foto: Divulgação

O palco como local de representação da realidade é uma ideia já incutida nas pessoas, mas ele como espaço de transformação dela é algo mais recente. É nessa linha que, até 15 de dezembro, acontece a 1ª Bienal Internacional de Teatro da Universidade de São Paulo. Ao todo são dez espetáculos, rodas de conversa e workshops que permeiam o tema de estreia, Realidades Incendiárias.

O tema escolhido abarca espetáculos que de alguma forma quebram com os padrões estéticos vigentes e proporcionam uma experiência teatral intensa tanto no público como no próprio palco. “Esse tema é inerente ao teatro, que é em si uma arte que tem trabalhado com questões no limite do incendiário. O palco é uma realidade incendiária. É o lugar onde a realidade é iluminada de uma maneira critica. A ideia é entendê-lo como um instrumento de transformação e ao mesmo tempo ver o que esse palco retrata”, diz Celso Frateschi, idealizador e organizador geral da Bienal e professor de interpretação da Escola de Arte Dramática (EAD) da ECA.

O árduo processo de curadoria começou há cerca de um ano e meio, e foram escolhidos grupos que conversam com o tema. “Estamos vivendo um momento de grande transformação que chamamos de incendiárias. Pensamos, ‘como é que o teatro reflete essa realidade, e como o próprio teatro é incendiário?’, diz o vice-diretor do Tusp e um dos curadores da Bienal, Ferdinando Martins. Por exemplo, o The FreedomTheatre (que se apresenta com The Island), da Cisjordânia, adapta  para a realidade sócio-política conflituosa que vivem a peça homônima de AtholFugard, John Kani e Winston Ntshona, que originalmente fala do apartheid. Já Outro Lado, do grupo brasileiro Quatroloscinco - Teatro do Comum, trata da situação de pessoas confinadas em um espaço e de seus medos e rumos que poderiam ter tomado, enquanto do lado de fora há o caos. Um dos pontos fortes da Bienal e que a diferem de outros festivais brasileiros é a grande quantidade de debates e oficinas que complementam o tema e trazem o teatro para perto do público. “Não interessava fazer apenas uma mostra de espetáculos, mas, sim, desenvolver processos conhecimento que de alguma maneira elaborem pensamentos sobre o teatro contemporâneo. As reflexões sobre as peças e o teatro são tão importantes quanto os espetáculos porque ajudam a refletir”, completa Frateschi.

O fato de o Tusp estar ligado à Universidade deu liberdade para a criação do projeto, que por não estar restrito ao circuito comercial, pôde abarcar questões estéticas e filosóficas que casam com a proposta universitária. “Uma das missões do Tusp é possibilitar um tipo de relação do público com as artes cênicas que não é encontrada em outros festivais e ambientes culturais, que por limites de tempo e de patrocínio, precisam seguir critérios mais comerciais. Esse processo do Tusp de trabalhar experiências cênicas proporciona o que é essencial ao trabalho do  artista, que é colocar em cena experiências teatrais mais experimentais”, afirma Deise Abreu Pacheco, orientadora de arte dramática do Tusp e uma das curadoras da Bienal.

A Bienal, instaurada e patrocinada pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, à qual o Tusp está ligado, retoma a tradição de festivais que ele vinha fazendo ao longo dos anos. A ideia do evento existe desde o início da gestão da pró-reitora, professora Maria Arminda do Nascimento Arruda e, segundo os curadores, o projeto foi idealizado sob a forma de portaria, o que significa que passa a ser atividade oficial da Universidade e garante sua continuidade, independente da gestão vigente.

Programação - Além do The Island (6 e 7, às 21h e 8, às 19h) e de Outro Lado (29 e 30, às 21h e 1, às 19h), a Bienal traz ainda Damned Be theTraitorofhisHomeland!, (12, 13,14, às 21h e 15, às 19h), do grupo esloveno MladinskoTheatre e se encerra no Sesc Consolação com o espetáculo Machbeth: Leila & Ben - A BloodyHistory (13 e 14, às 21h e 15, às 18h), dos tunisianos APA (Artistes Producteurs Associés). A peça adapta shakespeare para um musical que coloca a questão da relação da religião com a política e questiona “quantos Macbeths ainda existem dentro do mundo árabe?”. Dentro da programação de debates e discussões há as “Partilhas Incendiárias”, que trazem os grupos para exporem seus métodos e filosofia, e mostrarem como o teatro conversa com seus incêndios.

A 1ª Bienal Internacional de Teatro da USP vai até dia 15 de dezembro, e acontece no Tusp (r. Maria Antônia, 294, tel.3123.5233), Funarte (al. Nothmann, 1058, tel. 3662.5177), Tenda USP (Praça do Relógio, s/n, Cidade Universitária), Sesc Consolação (rua Dr. Vila Nova, 245, tel. 3234.3000) e Centro de Cultura Judaica (r. Oscar Freire, 2500, tel. 3065.4333). Ingressos a R$ 20, R$ 10 (meia) e R$ 4(para comerciários, somente no espetáculo que acontece no Sesc). A programação completa pode ser encontrada em www.usp.br/bienaldeteatro/2013. Mais informações em www.usp.br/tusp.

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