ISSN 2359-5191

27/11/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 106 - Sociedade - Instituto de Psicologia
Análise de jovens em medidas socioeducativas revela percepções sobre violência
Reprodução

A partir da observação de um grupo formado por 14 adolescentes, de 15 a 18 anos, por meio de entrevistas, produção de fanzines e análises, Larissa Delgado desenvolveu a dissertação de mestrado Os sentidos atribuídos à juventude, à violência e à justiça por jovens em liberdade assistida em São Paulo/SP. Apresentado no Instituto de Psicologia (IP) da USP, o estudo aborda os significados conferidos por esses jovens às temáticas da juventude, da violência e da justiça, bem como os seus respectivos graus de compreensão diante das relações sociais que dizem respeito aos seus envolvimentos com a criminalidade.

A pesquisa com os adolescentes foi desenvolvida ao longo do ano passado, mas o interesse de Larissa pela temática havia nascido muito antes, quando atuava no Serviço de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto (MSE/MA), na Zona Leste da cidade de São Paulo, entre 2010 e 2011. “Nos atendimentos individuais e conversas informais com os jovens que frequentavam o Serviço, foi possível ouvir relatos de diversas trajetórias de vida e histórias familiares. Algumas dessas narrativas retratavam cenas de hostilidade e humilhação, e eu costumava refletir sobre o modo como essas situações eram vistas no cotidiano desses jovens e suas famílias. Cotidiano que, além de marcado por essa violência, também estava atravessado por sua ligação com o Sistema de Medidas Socioeducativas”.

Entre os resultados do estudo de Larissa, está o fato de que os jovens analisados, cujas trajetórias vidas foram marcadas por estereótipos relacionados à condição social e à cor da pele, vêem-se como agressores e apresentam um sentimento de impotência em relação à violação de direitos. Inicialmente, a pesquisa trabalhava com a hipótese de que os atos infracionais  eram motivados por uma luta por reconhecimento, no entanto Larissa interpreta que esses jovens tiveram suas ações motivadas pelo desejo por uma “vida de patrão”. No caso da compreensão do que é a violência, grande parte das questões relacionadas à essa temática foram originados pela ação policial. Além disso, há diferentes percepções do que seria a violência: há aqueles que consideram que ela necessariamente é acompanhada pela agressão física, enquanto outros acreditam que um constrangimento, por exemplo, já é o suficiente para que uma pessoa possa se considerar como vítima de uma forma de agressão.

Com a dissertação, Larissa pretende colaborar para a reflexão a respeito da maneira como os jovens infratores são compreendidos. “Propomos a percepção desses adolescentes não como os únicos ou maiores responsáveis por atos de violência. Esses garotos e garotas consistem em um dos grupos sociais que se tornam mais vulneráveis no sentido da criminalização. Não se pretende, com esse trabalho, levar as pessoas a julgá-los apenas como vítimas de uma estrutura social, mas conduzi-las a uma reflexão crítica acerca de todos os âmbitos dessa questão”.

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