ISSN 2359-5191

02/04/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 1 - Meio Ambiente - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Abalo no Chile alerta para mega terremoto
Tremores menores sinalizam para sismo de grande magnitude que não acontece na região desde 1877
A região de Iquique, no norte do Chile, não recebe um mega terremoto desde 1877

 No dia 16 de março um terremoto de magnitude 6,7 na escala Richter no norte do Chile reacendeu a discussão sobre um possível mega terremoto na região, fato que não acontece desde 1877, quando houve um tremor de magnitude 8,5. Esse grande intervalo de tempo entre dois grandes abalos é o que os sismólogos chamam de lacuna ou gap sísmico, tema do seminário “O gap sísmico no norte do Chile: esperando pelo próximo mega terremoto”, apresentado pelo geólogo e pós doutorando Hans Alex Agurto Detzel, no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), no dia 27 de março.

 O norte do Chile está no encontro das placas tectônicas Nazca e Sul-Americana, que sofrem um processo de subducção, pelo qual a placa de Nazca “mergulha” sob a Sul-Americana. Tais placas se movimentam de maneira convergente, uma em direção a outra, com uma velocidade de 6,5 centímetros por ano, aponta Detzel. No centro-sul do país os tremores acontecem com regularidade. Em 2010, um mega terremoto de 8,8 causou destruição e mortes na região de Concépcion (centro do Chile). No norte chileno, entretanto, desde 1877 a energia acumulada pela convergência não é liberada através de terremotos, gerando 9 metros de acumulação de escorregamento. Detzel calcula que as tensões sísmicas acumuladas poderiam gerar terremotos de magnitude entre 8,7 e 8,9 na escala Richter.

 Após um grande período sem tremores de grandes magnitudes, o abalo de 6,7 graus no dia 16 colocou a população dos arredores da cidade chilena de Iquique em cautela por conta do risco de tsunami, o qual não chegou a acontecer. Detzel destaca que as réplicas após o grande tremor ocorreram em maior frequência e intensidade do que o esperado. “Não é uma sequência muito normal, é um comportamento bastante atípico”, comenta o geólogo. No dia 23 de março, uma semana após o evento principal, foram registrados mais de 50 eventos com magnitude acima de 2. Nesse mesmo dia, foi registrado um tremor de 6,2, quando o máximo esperado era um abalo de 5,5.

 Hans Detzel acentua que a escala Richter é uma escala logarítimica, o que significa que a energia cresce exponencialmente com o aumento da magnitude. Assim, de acordo com o  geólogo, um abalo de magnitude 9 é 32 vezes mais forte que um de magnitude 8 e aproximadamente 1000 vezes mais forte que um de magnitude 7. Hans acrescenta que “em termos de energia liberada, um terremoto de magnitude 8,8 equivale a mais ou menos 15000 bombas nucleares de Hiroshima”.

 O pesquisador aponta três possíveis cenários para os eventos sísmicos no norte do Chile. O primeiro se caracteriza pela diminuição da sismicidade no local, sem nenhum grande tremor. O segundo seria um rompimento parcial dos segmentos, gerando dois eventos de magnitude aproximada de 8,2. O terceiro, mais intenso, aponta para o rompimento total, com tremor de magnitude entre 8,5 e 8,8; atingindo uma área de aproximadamente 500 km². Nesse último cenário o terremoto seria acompanhado de tsunami, em decorrência do movimento vertical das placas. Esse evento atingiria importantes cidades chilenas como Arica, pela qual se faz o escoamento da produção chilena e também boliviana.

 Não é possível prever quando um terremoto ocorrerá. Assim, todo o trabalho da ciência gira em torno da educação e treinamento da população para agir adequadamente no caso de catástrofes maiores. Apesar disso, Hans afirma que “é quase seguro que vai acontecer, porque se aconteceu no passado, em 1877, significa que o mesmo segmento pode romper de novo com a mesma magnitude. Mas, quando certamente, é impossível saber”.

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