A quantidade de chuva influencia o balanço de carbono (C) - comparação entre a emissão e absorção de carbono - na região Amazônica, segundo pesquisa do Ipen. Diferentemente do que se pensava, o regime pluvial afeta muito mais o equilíbrio de carbono atmosférico do que as oscilações na temperatura da região em que ela se encontra.
A pesquisa coordenada por Luciana Gatti, coordenadora do Laboratório de Química Atmosférica do Ipen, junto a Emanuel Gloor (Universidade de Leeds) e John Miller (Universidade do Colorado e membro da National Oceanic an Atmosferic Administratio - NOAA) observou que a floresta amazônica pode deixar de servir como uma ponto de equilíbrio para a quatidade de C na atmosfera e se transformar em uma fornecedora de C.
Há quatro anos, entre 2010 e 2011, foram coletadas perfis do ar da floresta amazônica entre 4,4 km de altitude a 200/300 m em relação ao solo, partindo de quatro cidades da região: Santarém, Alta Floresta, Rio Branco e Tabatinga. Os perfis eram retirados de massas de ar que já haviam percorrido outras regiões da floresta e, portanto, carregavam consigo o histórico de volume de carbono. As amostras eram coletadas e então enviadas para São Paulo para a análise no Ipen.
A partir delas foi detectado que em 2010 - ano que enfrentou uma das piores estiagens da história - a floresta mais emitiu carbono do que absorveu, tendo o balanço final do ano igual a 0,5 pentagramas de C. Isso se deve ao grande número de queimadas naturais, motivada pelo tempo seco, somadas às ilegais. Soma-se também o fato que o estresse hídrico reduz a o período de realização de fotossíntese pelas plantas, ocasionando os altos níveis de dióxido de carbono (CO2).
No ano de 2011, contudo, observou-se um cenário cilmático oposto. Se em 2010 houve estiagem, 2011 foi um ano com elevado regime de chuvas. Consequentemente, o balanço de carbono foi praticamente neutro - a absorção foi de 0,25 pentagramas de C e a emissão foi de 0,3 pentagramas de C.
Devido a importância de tal descoberta, um artigo sobre a pesquisa foi capa da revista Nature no dia 6 de fevereiro e teve Luciana como principal autora do texto.