Em agosto, ocorrerá a quarta edição do “Curso de Biologia de Artrópodes Vetores”. Organizado por professores e voltado para para alunos da pós-graduação, ele é fruto de uma parceria entre o Instituto de Ciências Bimédicas (ICB) da USP, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
"Insetos vetores são aqueles que transmitem uma bactéria, fungo, virus ou protozoário", explica Sirlei Daffre. A professora do ICB é uma das responsáveis pela organização da edição deste ano. Hoje, a doença transmitida por um artrópode vetor que mais afeta e mata pessoas é a malária. Por isso fez-se o curso e incentivou-se os trabalhos com mosquitos.
O curso foi criado a partir de outro já existente, chamado Biology of deseade vectors, que surgiu em 1990. Ministrado durante 15 anos, cada edição ocorria em um lugar do mundo. No Brasil, ele ocorreu duas vezes, ambas em Manaus.
O grande diferencial do curso é seu caráter humanizado. "O objetivo é proporcionar o máximo de contato possível não só em aula: alunos e pesquisadores toma café da manhã juntos, almoçam juntos, jantam juntos… enfim passam o dia juntos”, explica Sirlei. Encontrar um local que possibilitasse este tipo de interação, segundo a professora, foi desfiador. Assim como as outras edições, a deste ano ocorrerá em Macaé, em uma das unidades da UFRJ.
O resultado da interação entre os alunos é notório: a partir do curso, eles passaram formar diversas parcerias. "Passa a haver comunicação entre os laboratórios. Eles sabem o que cada um está produzindo e fazem colaborações", explica a professora.
Outro aspecto interessante é o caráter multidisciplinar do curso. "A ideia é juntar pesquisadores com diferentes expertizes para aprofundar o conhecimento deles em diversas áreas relativas aos atrópodes vetores”, conta a professora. “Ao fazer uma tese, o indivíduo fica muito focado somente em um tema. O esse curso tem uma abrangência muito grande, por isso é interessante para o pós-graduando”.
Nas edições anteriores, a versão brasileira tinha, em média, entre 15 e 20 alunos. Neste ano, o número aumentou: foram 46 inscritos, dos quais 35 serão selecionados. Os locais de origem dos alunos também se diversificaram. "Este ano, temos alunos de Sergipe, Pernanmbuco, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e até mesmo da Argentina, do Uruguai e da Inglaterra", comenta Sirlei.
Para a professora, estes dados evidenciam o bom trabalho feito pela equipe. "Deveriam haver outras iniciativas para estimular pessoas a valorizar esse tipo de contato entre professores e alunos. É preciso valorizar a discussão", pontua.