A história de amor entre Pedro e Inês de Castro é retratada pela literatura de diferentes países há mais de 300 anos. Pelo livro O Caso de Pedro e Inês - Ines(quecível) até o fim do mundo (Editora Kapulana, 2015), dessa vez, ela é adaptada para uma linguagem fácil e recheada de ilustrações para cativar principalmente alunos do ensino fundamental e médio.
Fazendo uso do veio popular do cordel, de desenhos inspirados nesse gênero e da estrutura envolvente da epopeia clássica, a obra de Francisco Maciel Silveira narra o amor proibido e adúltero entre Pedro, futuro rei de Portugal, e Inês de Castro, dama de companhia de sua esposa. Considerada culpada pela traição e a causa de possíveis conflitos diplomáticos para o trono à época, Inês é condenada à morte pelo rei D. Afonso IV, pai de Pedro.
Com o falecimento do rei, no entanto, Pedro assume o trono. Motivado pelo amor e também pela obsessão, o monarca ordena que Inês de Castro seja desenterrada e coroada rainha. Ao final da história, que passa por inúmeras reviravoltas, fica a mensagem: o amor resiste a tudo, inclusive à morte.
A primeira aparição dos amores de D. Inês na literatura se dá com as Trovas à Morte de Inês de Castro, de Garcia de Resende, em 1516. No entanto, é com Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, que a história é eternizada.
Em relação às produções literárias anteriores, o livro O Caso de Pedro e Inês - Ines(quecível) até o fim do mundo inova ao usar linguagem palatável, ilustrações e também a estrutura da epopeia clássica. A história é dividida em Invocação (para prender a atenção do leitor), argumento (para "convencer o freguês"), Narração e Moral da história. As ilustrações, por sua vez, inspiram-se no gênero cordel e tornam a obra ainda mais envolvente.
Sobre Francisco Maciel Silveira e o projeto “Autor por Autor”
Francisco Maciel Silveira é professor titular de literatura na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP) e dedica-se à instituição há mais de 40 anos. Segundo ele, a experiência que conquistou durante a graduação foi uma das inspirações para o livro e para o projeto no qual a obra está inserida. “Com o professor Massaud Moisés, da USP, aprendi duas coisas: a paixão por aprender e que a pesquisa acadêmica precisa chegar ao aluno de forma palatável”, diz.
O projeto em questão é o “Autor por Autor”, que visa democratizar e facilitar o ensino e a compreensão das obras de literatura portuguesa. Nesse sentido, Francisco Maciel pretende abordar os grandes clássicos fazendo uso de linguagem e estruturas populares. O objetivo é fazer com que essas obras se tornem mais interessantes para pessoas de todas as idades, principalmente alunos do ensino fundamental e médio.
“Acho o texto acadêmico profundamente chato e entediante. Considero a bibliografia acadêmica pouco criativa, também”, diz Francisco. “Contra essas duas coisas — ser chato e ficar chovendo no molhado — decidi criar o projeto e fugir dos moldes tradicionais. E estamos tendo bons resultados”.