ISSN 2359-5191

07/12/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 124 - Saúde - Escola de Educação Física e Esporte
Estudo aponta mecanismos que atuam na redução da recuperação cardíaca em hipertensos
Informações produzidas por prática esportiva ativam áreas que podem influenciar no pós exercício
Testes foram desenvolvidos em laboratório da EEFE / Arquivo pessoal

O exercício físico não termina no exato momento que o praticante para de fazer força ou se esforçar para realizá-lo. Do ponto de vista fisiológico, o período de recuperação após o exercício é essencial para avaliar a saúde do indivíduo. Estudos prévios mostraram que essa recuperação é reduzida nos hipertensos, que são cerca de 30% da população, e Tiago Peçanha, em sua tese de doutorado desenvolvida no Laboratório de Hemodinâmica da Atividade Motora (Laham) da USP e orientado por Cláudia Forjaz da Escola de Educação Física e Esporte, decidiu entender quais fatores estão por trás dessa situação, que aumenta o risco de mortalidade neste grupo. O resultado da pesquisa sugeriu que mecanismos periféricos podem ser os responsáveis.

Estudos mostram que quanto mais rápida a capacidade de recuperação pós-exercício, melhor a saúde cardiovascular do praticante. Indivíduos que se recuperam mal ou pouco, em um segmento de anos, tendem a um maior risco de mortalidade. A frequência cardíaca sobe durante o exercício e, se não retornar ao normal depois dele, aumenta a chance de uma doença do coração no futuro. Nos hipertensos, uma disfunção autonômica é um dos fatores responsáveis pela baixa recuperação. Além disso, ela está ligada à instalação da hipertensão e ao aumento da sua gravidade.

Metodologia

A hipótese de Tiago era de que mecanismos neurais que estão relacionados à elevação da frequência cardíaca durante o exercício teriam uma desativação reduzida em hipertensos. Para comprovar sua ideia, 25 indivíduos saudáveis e 23 com hipertensão em estágio leve e sem uso de medicação participaram do estudo, que consistiu em avaliar ações experimentais para ativar ou desativar esses mecanismos na recuperação pós-exercício.

“Temos um mecanismo de origem central, que chamamos de comando central, relacionado com a própria percepção de esforço. Conforme percebo meu exercício como pesado, minha frequência vai seguir essa interpretação. É um mecanismo que é ativado independente de informações metabólicas da prática, está relacionado mais com a interpretação e avaliação central”, explicou Tiago.

“Tem também alguns mecanismos periféricos, que dependem de informações produzidas pelo exercício para ativar a resposta de aumento da frequência. Eles tem origem no músculo esquelético. Existem os receptores que são sensíveis à movimentação e na medida que faço o movimento, o mecanismo é ativado e minha frequência vai subir. O outro é sensível a alterações químicas na fibra muscular, então conforme faço o exercício algumas mudanças ativam essa mecanismo, desencadeando o aumento da frequência. Além do mecanismo central e periférico, tem o mecanismo da termorregulação. O aumento da temperatura ativa diretamente o aumento de frequência e indiretamente porque há o sequestro de sangue para a pele, que faz com que o coração precise bombear mais”, completou.

Resultados

Tiago avaliou a participação dos mecanismos na recuperação da frequência cardíaca e de fato eles influenciam nesse pós-exercício. Nos hipertensos, os mecanismos periféricos estavam hiperativados, o que permitiu ao pesquisador sugerir que alterações no funcionamento desses mecanismos podem ser a resposta para a baixa recuperação em indivíduos com hipertensão. O resultado permite uma aplicação clínica.

“Sabendo quais mecanismos são responsáveis pela recuperação da frequência cardíaca, temos a condição de identificar terapêuticas que sejam eficientes em tratar esses mecanismos. Aí podemos pensar em intervenções medicamentosas ou em terapias, esses são os próximos passos. Uma dessas seria o treinamento físico”, explicou o desenvolvedor do estudo.

A prática de exercícios traz muitos benefícios para o sistema cardiovascular, mas a regularidade é muito importante. Apenas uma sessão de atividade física não é capaz de melhorar a saúde do indivíduo e exige do corpo inúmeras respostas para atender a demanda fisiológica e metabólica com a qual ele não está acostumado. Por isso é importante se exercitar sempre, hipertenso ou não.

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