ISSN 2359-5191

03/12/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 122 - Economia e Política - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Diplomacia corporativa não é trabalhada com eficácia dentro das empresas
Isso pode comprometer rendimento e internacionalização das companhias que buscam se expandir
Reprodução

A diplomacia corporativa é um campo pouco explorado nas empresas, apesar de ser fundamental para a internacionalização de grandes companhias. Em sua dissertação de mestrado na FEA-USP, Daniele Prioste  estudou o caso de uma agência digital, que fez um joint venture (união) com uma empresa italiana. A ideia, segundo ela, veio do mundo corporativo: “Trazer empresas para o Brasil, e levar do Brasil para o exterior, representar a empresa e pensar em uma estratégia a médio e longo prazo: essas são algumas das funções do diplomata corporativo”.

Para a pesquisa, ela entrevistou quatro especialistas no assunto e quatro instituições que ajudam as empresas na diplomacia corporativa, na internacionalização, regulamentações e padrões. Daniela quis descobrir três principais pontos com a dissertação: identificar os agentes incluídos da diplomacia corporativa, apresentar as funções e identificar as barreiras para atuação.

No primeiro ponto, ela concluiu que os agentes variam bastante, passando por agências reguladoras, de fomento, ONG’s, parceiros nacionais e internacionais. Todos esses agentes devem ser levados em consideração para que a estratégia da empresa seja pensada com eficácia.

No segundo ponto, ficou claro que a diplomacia corporativa deve atuar em momentos de crises internacionais, quando existe alteração de alguma lei que atinja a empresa, alteração de tributação entre outras funções. “Uma empresa química, que está em um lugar em que há uma alteração na legisçação e não se pode mais usar um determinado princípio ativo. Não existe uma pessoa ou equipe específica para solucionar esse problema. Pela prática, vemos que são pessoas em áreas distintas da empresa”, cita Daniela. Ela cita, ainda, o “lobby do bem”, ou advocacy, que consiste em ir até os órgão reguladores e procurar com que façam alterações em determinadas leis para levar em consideração determinado produto que a sua companhia está desenvolvendo.

Por último, as principais barreiras identificadas para a atuação da diplomacia corporativa são problemas estruturais dentro da empresa. “Pode ser que determinada informação fique concentrada em funcionários mais operacionais, sem que eles tenham poder para chegar até a diretoria. Também pode acontecer o contrário, e a equipe de executivos não conseguir operacionalizar aquela informação”. Ou seja, a presidência da empresa pode não saber direito o que fazer com determinado empecilho, ou pode até saber, mas não ter tempo para lidar com ele. Outra barreira é a não capacitação para a diplomacia corporativa, já que não existe formação específica para isso.

Ela conta que, na pesquisa, verificou que a diplomacia fica muito com os altos executivos da empresa. Quando ela era menor, eles até tinham tempo para lidar com isso, ir as agências reguladoras, definir padrões. Com o crescimento, eles começam a perder tempo com essas funções. “Os sócios dão a possibilidade de o pessoal mais técnico cuidar desse assuntos, mas eles não têm conhecimento da estratégia da empresa para chegar em uma associação e representar a associação, além de pensarem muito pelo lado operacional. Por mais que os diretores deem autonomia, existe esse outro lado”, comenta.

O caso estudado é relacionado a publicidade digital. Tudo que é digital é relativamente novo, então existem muitos padrões sendo criados, que as próprias empresas ajudam a definir. O fato de ser uma empresa de um setor relativamente novo exige que eles atuem ao lado de órgãos que regulamentam e definem padrões, o que também é uma das funções do diplomata. “Analisando todo o trabalho que fiz, percebo que principalmente essas empresas de setores em construção, elas precisam muito de um diplomata corporativo”, diz a pesquisadora.

Ficar atento nas novas tendências tecnológicas, nas regulamentações do setor, no ambiente inserido, realizar atividade sociais, pensar na estratégia da empresa em longo prazo. Todas essas são questões que, atualmente, não devem mais ficar diluídas por todos as áreas da empresa. “Um dos pontos para querer fazer a pesquisa é mostrar a importância de concentrar em uma área ou em uma pessoa todas essas preocupações”. A diplomacia corporativa vem ganhando mais espaço e importância, principalmente nos setores muito regulados ou novos, que a própria  empresa precisa ajudar a criar. Para trabalhos futuros, a pesquisadora pretende analisar casos de empresas mais consolidadas, estabelecidas no mercado há mais tempo.

Leia também...
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br