ISSN 2359-5191

10/12/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 127 - Meio Ambiente - Instituto Oceanográfico
Pesquisa inédita analisa comportamento das lulas no Sudeste de São Paulo
Pesquisador do IO-USP observa pela primeira vez comportamento de lulas no Estado de São Paulo
Doryteuthis plei i. Foto: Felippe Postuma.

Caiçara de São Sebastião, Felippe Aldert Postuma, pesquisador do  Laboratório de Ecossistemas Pesqueiros (LabPesq) do Instituto Oceanográfico da USP (IO), vem desde a graduação desenvolvendo pesquisa com lulas. Já no começo dos estudos, Postuma percebeu uma lacuna de informações sobre esses cefalópodes, considerados um dos animais mais inteligentes do mundo, e se dedicou a observar esses organismos e forma inédita no país em sua pesquisa desenvolvida com a orientação da Profa. Dra. Maria Gasalla.

Postuma relata que a falta de um estudo centrado nesse tipo de cefalópode no Brasil era prejudicial para análises ambientais e registros acadêmicos. O pesquisador ainda ressalta as dificuldades em executá-lo por ser um trabalho inédito, desde dificuldades em isolar indivíduos em tanques até conseguir reproduzir as melhores condições em laboratório para o animal.

Os estudos mostraram que as lulas apresentavam 19 padrões de colocação, sendo que em 4 deles elas ficavam transparentes e nos outros 15 elas formavam uma cor sólida através de suas células cromáticas. As análises focaram os processos de reprodução e alimentação das lulas da espécie Doryteuthis plei na região de Ilha Bela e São Sebastião, no Estado de São Paulo. “Através do sistema nervoso central, transmitem impulsos nervosos às células cromáticas no manto, o que pode determinar qual coloração elas vão apresentar”, diz Postuma.

O pesquisador ressalta o quanto esse comportamento configura as lulas como um dos animais aquáticos mais inteligentes, uma vez que são capazes de camuflar, despistar ameaças e se comunicar para selecionar o melhor parceiro na hora da reprodução. “Um casal de lulas pode se comunicar praticamente durante o dia todo”, ele conta.

Além disso, a pesquisa também observou, pela primeira vez na América do Sul, a desova do animal em ambiente natural. A equipe também analisou parte dessa desova em laboratório, conseguindo registrar o comportamento de paralarvas de 4 dias de vida através de equipamentos especiais que conseguem filmar em câmera lenta.

A pesquisa já foi apresentada em 2012 no Congresso Mundial de Cefalópodes, em Florianópolis. O trabalho também apresenta uma grande importância na vida socioeconômica das populações caiçaras, uma vez que a lula é um dos principais recursos durante o período do verão. Além disso, segundo o pesquisador, esses animais são um elo na cadeia alimentar do Sudeste de São Paulo, pois são alimento para diversos animais enquanto se alimentam de outra vasta gama de espécies.  O projeto foi financiado pelo CNPq e pelo Biota Fapesp, uma iniciativa que visa estudar a diversidade dos organismos do Estado de São Paulo e contemplou o Projeto Lula, dedicado aos cefalópodes no IO.

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