ISSN 2359-5191

15/04/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 40 - Sociedade - Pró-Reitoria de Pesquisa
Coletivos de periferia ressignificam a América Latina
Esse fenômeno combate monopólio dos meios de comunicação e cria novas formas de protagonismo cultural e midiático
Esse fenômeno se repete em todos os países da região por conta de seu passado em comum. / Fonte: Wikipedia Commons

O Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação da USP (Celacc), na busca por movimentos que integrem a América Latina fora do âmbito do capital, tem diagnosticado a consolidação de mídias alternativas ao longo das últimas décadas em paralelo a conjuntura política do continente. Esse fenômeno combate o monopólio dos meios de comunicação e cria novas formas de protagonismo cultural e midiático.

Os coletivos culturais periféricos da América Latina têm na informação seu elemento central de organização. Isto é, esses grupos trabalham a comunicação como forma de combater os discursos hegemônicos e buscar uma autoafirmação a partir de suas próprias características. “O passado da América Latina é o que une os países, e sua condição socioeconômica parecida é o que faz com que esse fenômeno ocorra ao mesmo tempo em todos eles”, aponta o coordenador do Celacc, professor Dennis de Oliveira.

A ascensão de governos à esquerda na América Latina no início do século incentivou a criação desses coletivos por conta da aplicação de políticas públicas voltadas à população de baixa renda. Na Argentina, por exemplo, a pressão pela quebra do monopólio da mídia fez com que rádios comunitárias eclodissem por todo o país. Em contrapartida, a onda conservadora que atinge os países latino-americanos não parece frear a ação desses coletivos. Cada vez mais se fazem ouvir as falas da luta das pessoas de periferia.

A atuação desses grupos aqui no Brasil se inicia já na década de 1980, com a figura do hip hop como cultura de combate à violência na periferia. Na luta contra o extermínio de jovens pobres negros e negras, esse movimento se consolida como uma verdadeira “cultura de periferia” nas grandes cidades. Os coletivos periféricos, então, passaram a ter nos meios de comunicação sua forma de expressão. Seja com saraus literários, em rádios ou grupos de debates.

Na Colômbia, também, há algumas iniciativas de resistência aos deslocamentos forçados pela Guerra Civil na região da costa do Pacífico, por exemplo. “Interesses econômicos vem governando esse quadro, que afeta, sobretudo, indígenas, negros e mulheres”, aponta o pesquisador. É uma área de forte concentração afrocolombiana que sofre com ocupações de grupos paramilitares e das forças armadas por conta de seu grande potencial turístico. “Esses coletivos trabalham na resistência, no apoio e na construção de identidade desses grupos que sofrem com os deslocamentos”.

A sensação de pertencimento e a percepção de partilhamento de uma cultura comum é que faz com que esses grupos se mobilizem e engajem muitas pessoas. “É claro que eles têm uma proposta política, mas não são mobilizações que acontecem por um engajamento num ideário político. É muito mais uma identificação e uma relação de cotidiano que une esses grupos”, diz o professor. É por isso que são coletivos horizontais nos quais a disseminação da informação é crucial na manutenção do conjunto.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br