ISSN 2359-5191

17/05/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 59 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Estudo utiliza bagaço de uva para potencializar protetor solar
Material orgânico é um subproduto da indústria do vinho e possui ação antioxidante
O bagaço da uva ainda é subaproveitado/ Imagem: Victória De Santi

Uma pesquisa iniciada há aproximadamente um ano, na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, tem estudado a ação do bagaço de Vitis vinifera, uva tradicionalmente utilizada na produção de vinho, em filtros solares. Ainda em fase de testes in vitro, os pesquisadores já notaram a potencialização da proteção contra a radiação ultravioleta.

Alexandra Hubner, mestranda sob a orientação da professora Elfriede Marianne Bacchi e co-orientação do professor André Rolim Baby, é quem conduz as pesquisas. A escolha da uva como objeto de pesquisa se deu de acordo com o que já se sabia do alimento: Hubner conta que a atividade antioxidante da uva e os altos índices de longevidade em regiões produtoras de vinho chamam atenção para a composição e utilidades do alimento. “Estamos avaliando a caracterização desse subproduto, quais os compostos presentes nele e a ação antioxidante e a atividade fotoprotetora”, afirma.

O uso do subproduto da indústria vinícola surge como uma alternativa sustentável ao que é a produção do cosmético hoje. O bagaço da uva, conta a pesquisadora, tem diversas utilidades como a alimentação humana e animal, o uso em fertilizantes e adubo orgânico, mas ainda é subaproveitado, o que o torna uma alternativa barata. No entanto, é preciso atenção para o seu destino, uma vez que possui um caráter ácido e compostos químicos que podem alterar a qualidade do solo, água e afetar os seres vivos existentes nestes habitats se descartados de maneira inadequada.


À esquerda, o bagaço da uva e à direita uma amostra do produto em teste/ Imagem: Victória De Santi

A grande produção de vinho nacional concentra-se na região Sul do país e, a cada cem litros de bebida produzidos, gera-se em torno de 18% a 20% de bagaço. Os testes estão analisando a ação do material quando incorporado em filtros solares já existentes. Hubner explica que “o material não é um filtro [de raios ultravioleta], não tem atividade fotoprotetora comprovada, mas o extrato quando incorporado em outros filtros potencializa-os”.

Além da questão de sustentabilidade, utilizar um produto orgânico e natural em cosméticos como filtros solares poderia diminuir a quantidade de substâncias químicas sintéticas na formulação.

Hübner explica que alterações na pele decorrentes da exposição excessiva e cumulativa à radiação UV, aceleram em torno de 90% os efeitos do fotoenvelhecimento. Essa radiação torna moléculas, como oxigênio e enxofre, reativas e as mesmas passam, então, a causar danos à pele humana. A ação antioxidante que o bagaço possui consiste em capturar essas moléculas: “Na uva, sabe-se da presença de ácidos fenólicos e flavonóides, por exemplo, que são compostos que facilitam a captura de espécies reativas de oxigênio, enxofre”, conta. Com as moléculas presas, evita-se que causem mais danos.



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