ISSN 2359-5191

31/10/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 124 - Economia e Política - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Pesquisa busca facilitar a rotina do pequeno empresário
Baseado em sua experiência profissional, pesquisador explorou alternativas para dinamizar a execução de tarefas administrativas em pequenas empresas
A pesquisa de Francesconi mostrou que as rotinas administrativas tomam grande parte do expediente do pequeno empresário. Fonte: revistapegn.globo.com

Atentar-se para as contas a pagar e a receber, calcular o faturamento, lidar com os diversos trâmites bancários, cuidar do fechamento contábil e das regras que o envolvem e garantir que o pagamento dos funcionários seja feito em dia são algumas das tarefas indispensáveis para manter uma empresa. O dono de um pequeno negócio costuma perder horas de seu dia executando-as.

Nas grandes corporações, é comum que esses serviços administrativos e contábeis sejam prestados por uma equipe especializada. Dessa maneira, as funções rotineiras das várias filiais de uma organização costumam ser reunidas em um único prestador de serviços. Esse método é conhecido como Centro de Serviços Compartilhados, do inglês Shared Business Service, e é uma realidade nas grandes empresas desde a década de 1980.

Além de ser uma alternativa para a redução de custos, esta técnica também é um caminho para promover a eficácia operacional, a especialização, e a escala de operações. Otimizando os processos administrativos, muitas vezes burocráticos, é possível eliminar funções duplicadas e atingir um alto nível de qualidade nos serviços prestados.

Identificar uma maneira de adaptar o CSC para o pequeno e microempresário foi o grande objetivo de Milton Francesconi, mestre pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade.

Consultor de processos de gestão, ele usou o empreendimento que tem em parceria com sua irmã como base para seu projeto, levando sua experiência profissional para a pesquisa. Esta, aliás, é a principal característica do Mestrado Profissional em Empreendedorismo, que Francesconi cursou: enquanto o mestrando acadêmico tem como hipótese inicial um problema teórico e, então, parte da teoria procurando respostas e soluções, o mestrando profissional leva um problema prático, ou seja, de sua própria vivência, para a academia. Ele então busca na teoria algo que ajude a solucionar de maneira prática a sua questão.

Estudando a forma de atuação de sua empresa, que presta diversos serviços administrativos para pequenos empresários, Francesconi identificou algumas limitações em seu negócio e buscou alternativas para solucioná-las. Sua pesquisa, que contou com diversas entrevistas, adotou duas abordagens, a qualitativa e a quantitativa.

Na primeira, foram entrevistados quatro clientes atuais e quatro ex-clientes de seu empreendimento. O objetivo da pesquisa qualitativa foi identificar os pontos limitantes e contributivos da empresa, por meio do relato da experiência dos clientes com a prestadora e do grau de satisfação com os serviços.

Já a pesquisa quantitativa totalizou 200 questionários com a participação de pequenos e microempresários, sem relação com Francesconi. A finalidade era entender o comportamento comum desses agentes frente à execução das rotinas administrativas, além de colher a percepção desses empreendedores sobre a possibilidade de terceirização dessas atividades, o que deslocaria a execução das mesmas a um prestador de serviços.

Entre as limitações e obstáculos para essa possível parceria entre o pequeno empresário e uma prestadora de serviços que Francesconi encontrou está a falta de confiança do pequeno empresário, acostumado a cuidar de seu serviço sozinho e lidar com as tarefas burocráticas, em uma outra pessoa para tratar de suas finanças e de seu negócio. “Esse problema é agravado quando a negociação da parceria é feita por uma pessoa e a execução do serviço por outra”, explica, “pois o pequeno empresário costuma se sentir desconfortável com essa situação”. Isso cria uma grande limitação ao trabalho, já que centralizar a negociação e a prestação do serviço em apenas uma pessoa restringe muito o número de possíveis clientes.

A confiança, aliás, é um fator determinante para a parceria dar certo. “O pequeno empresário costuma ter uma certa cautela e suspeita em abrir seu negócio a outros”, conta Francesconi. “Afinal, os serviços que serão terceirizados envolvem as finanças do negócio, e estas, muitas vezes, estão mescladas com as finanças pessoais”.

O pesquisador chegou à conclusão de que a iniciativa de prestação de serviços para micro e pequenas empresas por meio de um Centro de Serviços Compartilhados é possível, mas é necessário mudar a cultura destes empreendimentos para que essa modalidade possa ser instalada. A implementação de rotinas padronizadas e modelos de operações pode ser um desafio, considerando as particularidades dessas empresas.  

A dissertação pode gerar contribuições no campo prático e empresarial, como, por exemplo, a sugestão de que a parceria deve se basear em um pacote de serviços, previamente combinados, e que sejam cobrados mensalmente. Mas o trabalho também contribui para o estudo da administração, na medida em que há poucas referências literárias acerca das pequenas empresas e sua relação com o CSC. O mestrado de Francesconi, marcado por um estudo de caso minucioso e uma metodologia didática, enriquece o debate sobre a terceirização das tarefas administrativas das pequenas e microempresas.


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