São Paulo (AUN - USP) - A participação das mães na assistência ao recém-nascido prematuro ainda não é regra geral nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTls), embora as enfermeiras que atuam nelas recomendem por unanimidade que haja participação materna nos cuidados ao bebê. E o que conclui a professora Vera Lúcia Barbosa, da Escola de Enfermagem da USP, na tese defendida recentemente, intitulada O vínculo afetivo na UTI neonatal: uma quesião de reciprocidade da tríade mãe-prematuro-equipe de enfermagem.
De acordo com esse trabalho, quando foi levantada a opinião dos enfermeiros quanto às restrições à entrada da mãe na UTI neonatal, "70% deles foram favoráveis ao estabelecimento de horários de visitas". Porém, "os mesmos enfermeiros restringem o tempo de permanência da mãe com o filho na UTI neonatal, utilizando como justificativa a interferência nas atividades daqueles que prestam assistência ao recém-nascido".
O estudo envolveu uma pesquisa com treze profissionais de enfermagem (sete enfermeiras e seis auxiliares de enfermagem), com idades entre 23 e 45 anos, que trabalhavam no berçário de um "hospital-escola" ligado a uma universidade. Eles foram entrevistados e tiveram seu cotidiano acompanhado por Vera Lúcia durante um ano.
As enfermeiras alegam que o contato da mãe com o recém-nascido proporciona reações importantes, como ficar mais calmo e relaxado, sugar, deglutir, aceitar melhor o aleitamento, ter ganho de peso maior e mais rápido, mas colocam restrições quanto aos cuidados que as mães podem dedicar a seu filho na UTI e, dentre eles, administrar água e leite, alegando que, para isso, é "indispensável qualificação profissional", explica a professora.
A maioria das mães permanece com seus bebês na UTI por um período que varia de cinco minutos a meia hora, alegando que "não fica mais porque não pode fazer nada pelo bebê", explica Vera Lúcia Barbosa em sua tese. Por outro lado, todas se manifestaram favoravelmente à proposta da pesquisadora de fazer alguns cuidados desde que supervisionadas e orientadas por um profissional.
A partir desse estudo, a professora conclui que o "relacionamento entre todos os personagens do berçário precisa ser revisto e estimulado". Cada um deve desempenhar o seu papel, e os custos para permitir que isso aconteça são bastante reduzidos e os resultados, facilmente notados. É muito importante que se estimule o vínculo natural que une pais e filhos, principalmente num momento tão difícil como uma internação.