ISSN 2359-5191

05/06/2000 - Ano: 33 - Edição Nº: 08 - Saúde - Hospital das Clínicas
Análise de genes auxilia tratamento do câncer de mama

São Paulo (AUN - USP) - O mapeamento de fragmentos de DNA (genes) que marcam uma célula com capacidade de receber hormônios sexuais, estrógenos, em tumores malignos de mama é alvo de uma pesquisa realizada no Centro de Medicina Nuclear, localizado no Complexo HC (Hospital das Clínicas). Nos tumores de mama, existem as células com receptores de estrógeno (ER positivo) e as sem receptor (ER negativo). O trabalho conseguiu isolar, até agora, 40 seqüências que serão decifradas até o final do próximo ano e vai ajudar a entender melhor o câncer das glândulas mamárias.

Estudos mostram que um erro na forma de manifestação de ER contribui para a desenvolvimento do câncer de mama. "Determinados genes apresentam expressão diferenciada em células normais e células tumorais. No caso do câncer de mama, um dos fatores que poderiam levar à expressão diferenciada de genes é o status de ER", afirma a pesquisadora Nancy da Rós, doutoranda do Instituto de Biotecnologia da Universidade de São Paulo (USP).

Ela também diz que o estrógeno influencia muitas respostas físicas, possuindo um papel fundamental na proliferação e diferenciação de tecidos estimulados por hormônios, como as da glândula mamária. E, ainda, pacientes que apresentam tumores positivos para ER possuem maiores taxas de sobrevida livre de doença, se comparadas aos doentes com tumores ER negativos.

Aproximadamente dois terços dos tumores (carcinomas) de mama possuem o gene ER. O restante, que não tem a capacidade de produzir a proteína devido à ausência desse gene, raramente responde à terapia hormonal. Os tumores ER positivos reagem satisfatoriamente a esse tipo de tratamento. Acredita-se que as diferenças na reação do tecido ao estrógeno está ligado a mudanças na estrutura do ER e essas variações podem ser responsáveis pelo desenvolvimento e pela progressão do carcinoma de mama.

A identificação de alterações genéticas mais comuns auxiliará no entendimento dos mecanismos envolvidos no processo de formação do tumor (tumorigênese), permitindo o uso destes marcadores genéticos no diagnóstico clínico. Eles poderão ser úteis no prognóstico e avaliação da eficácia do tratamento, além de possibilitar a produção de remédios mais eficientes para combater o tumor.

Estima-se que uma em cada dez mulheres, considerando-se expectativa de vida de 80 anos, desenvolverão um carcinoma de mama. Nos últimos 20 anos, grandes avanços na área de diagnóstico precoce e terapêutica ocorreram, mas a incidência do câncer de mama aumentou e a mortalidade não diminuiu.

O Centro de Medicina Nuclear é um dos cinco postos que participam do Projeto Genoma Câncer no Brasil e foi responsável pela decodificação dos genes da Xylella fastidiosa, bactéria da praga do amarelinho.

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