O artigo realiza um cotejo entre a perspectiva literária do escritor mineiro João Guimarães Rosa (1908-1067) e o pensamento estético do filósofo alemão Herbert Marcuse (1898-1979) sobre a papel da literatura como resistência política. O esforço é o de pensar as aproximações e os distanciamentos entre a estética literária de Rosa e de Marcuse a partir de dois mirantes: o do escritor e o do filósofo, no sentido de apreender a instância questionadora da matéria literára. No final do artigo, à guisa de considerações finais, são apresentados alguns apontamentos para se pensar a literatura como fonte de conhecimento, tendo as reflexões roseanas e marcuseanas como fundamento.
A proposta deste texto é apresentar o escritor mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967) como um fabulador que se conforma ao paradigma de “narrador” como problematizadopelo pensador alemão Walter Benjamim (1882-1940).
O presente artigo tem como objetivo estabelecer relações entre filosofia e literatura na busca por analisar a presença da questão do mal na obra Grande sertão: veredas (2015), do escritor mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967), tendo como base de interpretação a hermenêutica filosófica de Paul Ricoeur (1913-2005), mais especificamente a partir das obras: A simbólica do mal (2013) e O mal – um desafio à filosofia e à teologia (1988). Ambas se constituem em estudos hermenêuticos de Paul Ricoeur para compreender os símbolos do mal. Mediante uma antropologia filosófica, o hermeneuta francês discorre sobre como o ser humano é suscetível à possibilidade do mal, pois sentimentos como medo, culpa, pecado, por vezes dominam o imaginário, o agir e a natureza da vontade humana. Em Grande Sertão: veredas, o narrador o ex-jagunço Riobaldo, vulgo Tatarana, vulgo Urutu-branco, apresenta, já no início da narrativa, sua dúvida acerca da existência do diabo. Ele não questiona somente a existência de tal ser, mas também e principalmente o poder que ele tem, se ele é mesmo capaz, por exemplo, de tomar a alma das pessoas por meio de um pacto. Em contrapartida, para Riobaldo está clara a existência de Deus. A existência de Deus é certa para o sertanejo, pois é a fé e a confiança na bondade de Deus é que mantém o herói rosiano esperançoso por remissão.
O artigo apresenta um diálogo entre as especulações mítico-religiosas de Riobaldo, o herói de Grande Sertão: Veredas, obra maior do escrito mineiro João Guimarães Rosa, e as considerações teológico-filosóficas de Tomás de Aquino acerca da questão do mal.
O artigo apresenta uma discussão sobre a presença de elementos metafísico-religiosos nas principais obras do escritor mineiro João Guimarães Rosa (1906-1967).