O ensaio pretende apontar como a estratégia narrativa da obra-prima rosiana, ao se valer de um diálogo virtual/monólogo interior, propiciando a intersubjetividade entre quem fala - o narrador épico e quem escreve - o narrador do romance, dramatiza a própria escrita do romance como gênero e como "pacto" com a ficção.
Partindo da reiteração da figura materna em alguns textos rosianos, ainda que camuflada no significante "etimológico" de "Famigerado", a ecoar o nome-da-mãe, o texto se deterá na Bigri, mãe de Riobaldo, em GSV, relacionada, metonimicamente a Diadorim. Da associação mãe/desejo se deslizará à associação mãe/pai, ordem subjacente à narrativa do romance. Será, então, examinada a categoria "nome-do-pai", no sentido lacaniano, "invocação" constante de Riobaldo, errando pelo grande sertão. Essa marca da lei que institui o sujeito societário será também figurada, através de metáforas, metáforas paternas, que condensarão a ausência do pai ?real?, representada na bastardia do narrador, o pai imaginário, personificado em Zé Bebelo e o pai simbólico, Joca Ramiro, que sofre o parricídio.
Cruzamento dos discursos da psicanálise e da literatura na leitura do romance de Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas. Partindo da ideia de que o sujeito só se revela pela linguagem, é natural que se estabeleçam os elos entre crítica literária, psicanálise e linguagem. Desse modo, sendo o texto lugar de subjetividade, o texto literário é visto aqui como lugar privilegiado de sua revelação, através dos recursos retóricos. Assim, o objetivo deste texto é apontar uma leitura do romance Grande Sertão: veredas, fazendo uso de instrumental psicanalítico.