Apresentam-se, aqui, breves considerações a respeito da correspondência entre dois universos épicos: o da Ilíada de Homero e o do Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, a partir de comentários feitos por Antonio Candido sobre o romance do escritor mineiro.
Partindo da reiteração da figura materna em alguns textos rosianos, ainda que camuflada no significante "etimológico" de "Famigerado", a ecoar o nome-da-mãe, o texto se deterá na Bigri, mãe de Riobaldo, em GSV, relacionada, metonimicamente a Diadorim. Da associação mãe/desejo se deslizará à associação mãe/pai, ordem subjacente à narrativa do romance. Será, então, examinada a categoria "nome-do-pai", no sentido lacaniano, "invocação" constante de Riobaldo, errando pelo grande sertão. Essa marca da lei que institui o sujeito societário será também figurada, através de metáforas, metáforas paternas, que condensarão a ausência do pai ?real?, representada na bastardia do narrador, o pai imaginário, personificado em Zé Bebelo e o pai simbólico, Joca Ramiro, que sofre o parricídio.
Visitar a instalação de Guimarães Rosa, quando da inauguração do Museu da Língua Portuguesa, na Estação da Luz em São Paulo, e analisar como as trilhas de Diadorim e Riobaldo pontuam um jogo de metáforas e metonímias são intentos desse artigo. À luz do referencial teórico pechetiano, busca-se refletir sobre a contribuição efetiva dos es- tudos discursivos para o campo das ciências que trabalham com a infor- mação e a documentação.
O objetivo deste ensaio é descrever a tensão dramática vivida por Riobaldo, em Grande Sertão: Veredas, refletindo a crise da identidade de gênero pela qual passa, quando dá vazão ao desejo homoerótico e direciona o seu afeto para Diadorim, jagunço travestido que faz parte do bando dele. Discute-se a problemática em torno do sujeito cultural gay (relacionado aos sujeitos heterossexuais), procurando-se discutir sobre a posição do gay e do heterossexual representados nesta ficção.
O presente trabalho busca abordar a forma como a dimensão
rítmica se constitui em Grande sertão: veredas. Partindo da
compreensão do conceito de ritmo e revisando o como este tem sido
abordado pela crítica rosiana, busca-se abordar mecanismos através
dos quais ele se expressa na narrativa. Teríamos, assim, um prelúdio
que corresponderia à primeira parte da obra, um ritmo frasal que gera
a mescla de gêneros, uma analogia entre o livro e o mantra e, ainda,
possibilidades hermenêuticas de interpretação do movimento.
Desde meados da década de 1990, ganhou espaço
na recepção crítica brasileira de Grande sertão: veredas o questionamento
a respeito do sentido para a formação nacional
implicado na configuração do romance. O artigo confronta
proposições surgidas nesse debate em curso.
Estudio y caracterización de los elementos que definen a Riobaldo
(Grande sertão: veredas de Guimarães Rosa) como héroe trágico
heredero de la tragedia griega y representante de la tragedia de la modernidad,
marcada por la imposibilidad de la verbalización, de conjugar
sentimiento y palabra. Para encontrar sentido a una existencia empedrada
de errores, a un pasado irreversible, Riobaldo necesita contar su
historia a un interlocutor silencioso sin procurar respuestas, porque ya
es demasiado tarde para que la acción pueda recuperar la oportunidad
perdida.
O desafio enfrentado por Guimarães Rosa em Grande sertão
foi transferir para a narrativa longa os recursos de linguagem que
havia experimentado com êxito em textos mais curtos. Os apelos ao
narratário, a incorporação de arcaísmos e a transfiguração da sintaxe
provocam os efeitos de deslocamento que, ao invés de obscurecerem o
texto, dão-lhe o ritmo necessário para alcançar logo o êxito de obra
rara, como procuramos mostrar neste texto.