O presente trabalho reflete sobre a questão da literariedade a partir da mística do pacto com o diabo existente na obra de João Guimarães Rosa, tendo em mente que toda grande obra de arte, quando se permite que ela se manifeste naquilo que ela é – sua poiésis –, inaugura mundo e instaura a verdade. Para tanto, discorremos sobre algumas questões primordiais ao exercício de escuta crítica: a relação intérprete–texto literário; o questionar pela linguagem narrativa; e a relação homem–real, pensadas no vigor da dialética.
Este trabalho analisa três narrativas de João Guimarães Rosa pertencentes à obra Primeiras Estórias: “O Cavalo que bebia cerveja”, “Sorôco, sua mãe e sua filha” e “A Terceira margem do rio”. Os textos são analisados sob a perspectiva do conceito de literariedade e da visão do fenômeno literário centrado numa compreensão do estilo como um modo de unir a palavra ao pensamento; o estudo destaca Guimarães Rosa, como um autor que procura, por meio do uso especial da linguagem, a universalização do regionalismo.