Este artigo analisa o jogo imagético que constitui o estilo deGuimarães Rosa. A metáfora surge, quase sempre, na reiteração de imagens, embalada por onomatopéias, crispada por neologismos, amplificada porsubversiva sintaxe. Lúdica, a metáfora rosiana exprime o ethos poético e aética do autor.
Este trabalho pretende apresentar o percurso da criação literária, que começa na suspensão das
certezas do mundo real, por meio da construção linguística e da articulação dos enunciados
metafóricos, para, em seguida, reconfigurar a realidade e dar-lhe outro aspecto, possível
apenas nesse universo de composição simbólica. Nesse processo, alguns textos utilizam o
elemento fantástico para reforçar esse objetivo. De modo a evidenciar esse percurso, dois
contos que tocam essa problemática foram utilizados: As ruínas circulares, do escritor
argentino Jorge Luís Borges, e A terceira margem do rio, do brasileiro João Guimarães Rosa.
A produção de uma obra literária de valor, criada na intersecção de necessidades pessoais e coletivas, compõe-se por informações originais trabalhadas, sobretudo, metaforicamente. Tais informações representam um processo de revelação de idéias que tende a ser mais criativo quanto mais ousado e inovador for o texto. Essa ousadia e inovação são fatores que, a depender da intenção ético-estética de um autor como Guimarães Rosa, marcam a narrativa proposta no Grande sertão: veredas. Este, mesmo que complexamente produzido sob a óptica de uma dada construção fi gurativa, revela-se amplo e atraente em seus níveis de linguagem literária, apresentando o conteúdo fi ccional ao longo de páginas de pura poesia narrativa metafórica.
Este texto é um estudo sobre o livro de poemasMagma de Guimarães Rosa, obra que submete à revisão a concepção de poesia. Esta técnica de produção artística representa um querer mimeticamente artístico, um querer poeticamente barroco. O objetivo deste texto é investigar esta escrita de Magma a partir dos estudos de Walter Benjamin, Severo Sarduy e Maria João Cantinho. Buscaremos conhecer a poética de Guimarães a partir desta provocação alegórica à travessia. Entendemos que Magma é o reino do barroco; Produção artística que finca suas raízes na mistura do clássico com o moderno, do erudito com moderno.Magma representa um questionamento risonho sobre a ideia de origem, por que nessa origem se encontra impregnada a ideia de realidade,como poesia procura seu reconhecimento no derretimento desse conceito. Magma uma elaboração poética em que a percepção primitiva do semelhante desenvolve-se, retraçando inexoravelmente a propedêutica elementar da modernidade, sua significação alegórica. Magma nos indica o caminho do verrossímel e mimético pelas metáforas fragmentadas que dão vazam a um discurso poético clarividente. Porém, é no campo da alegorizaçãoque as imagens cadavéricas da poesia barroca encontram espaço para se manifestarem. Aqui se sobrepõe o sentido de metáfora e de alegoria, ou seja, sobre o que é a modernidade barroca, o que instaura nos poemas uma faculdade mimética da percepção. Para este estudo partiremos do conceito de origem e de artebenjaminiano, para com este conceito compreender as alegorias presentes na poesia de Rosa. Os conceitos acima também nos auxiliaram a ler essa poética a partir da ideia barroca de arte, visando conhecer as imagens alegóricas representadas pela água. Esperamos como resultado a construção de uma leitura reflexiva sobre a travessia de Magma no cenário da escrita Roseana, tendo em vista sempre os aspectos alegóricos.Palavras-chave:Magma, barroco, alegoria.