É possível falar de um exotismo essencial na obra de João Guimarães Rosa ou, ao menos, que ela possui peculiaridades de uma humanidade local frente aos olhos de um citadino letrado? Se, por um lado, tal leitura é possível e legítima, por outro, não estaríamos correndo o risco de cair em um reducionismo demasiadamente simplista? Não seria melhor pensarmos que a verve desse autor, a idiossincrasia de seus personagens, sua linguagem e seu universo ocultam questões fundamentais capazes de suscitar reflexões que podem subverter as condições impostas pela realidade vigente? Tal é a hipótese que guiará nossa investigação. Buscaremos reconhecer o caráter exemplar dessa obra frente ao controle exercido por uma racionalidade soberana e soberba, inserindo-a no rol da modernidade artística.
Figura emblemática presente no imaginário popular europeu, devido à ascensão do Cristianismo como religião dominante, o Diabo recebeu diversas definições e transformações que o moldaram através dos séculos. Na literatura modernista brasileira, em especial, na obra Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, temos de maneira bem significativa resíduos do Diabo medieval, seguindo os moldes do imaginário cristão vigente na Idade Média, adaptando-se, conforme encontramos na obra do referido autor, à mentalidade do povo cristão brasileiro em pleno século XX/XXI.Sendo assim, o intuito deste trabalho é demonstrar os aspectos residuais da representação do Diabo medieval no romance modernista de João Guimarães Rosa, tendo como método de pesquisa, a Teoria da Residualidade Cultural e Literária, sistematizada por Roberto Pontes e o método comparativo. Portanto, o estudo aqui previsto defende a hipótese de que a representação do Diabo no período medieval está residualmente presente na obra de Guimarães Rosa, bem como na mentalidade do povo brasileiro em plena atualidade.
O presente texto trata, a partir de uma analise comparativa entre o pensamento crítico de Antonio Gramsci e Antonio Candido, das relações de tensão dialética entre o Regional e o Universal no processo de Formação de uma Literatura Moderna Nacional Italiana, na obra de Luigi Pirandello, e os paralelos deste mesmo processo de Formação na Literatura Brasileira, na obra de Guimarães Rosa.
O objetivo deste trabalho é analisar os aspectos ontológicos, existenciais e metafísicos que estão presentes no conto “A terceira margem do rio”. Por meio de um olhar investigativo e uma leitura crítica, pretende-se demonstrar que a linguagem de Guimarães Rosa presente no referido texto é revestida de um caráter ontológico que provoca a busca por um sentido da existência num caráter transcendental, através das personagens Pai e Filho. A despeito de tantas interpretações dessa narrativa, o presente trabalho torna-se relevante devido ao fato de fazer uma leitura humanista existencial do corpus, procurando demonstrar a preocupação do autor com o cuidado do Ser. Para tanto, a metodologia adotada centra-se na pesquisa bibliográfica de cunho literário, estilístico, linguístico e filosófico.
Este trabalho pretende apontar características temáticas e estilísticas do conto “Substância”. Tal análise será empreendida a partir de fragmentos da obra nos quais se poderá observar a presença de traços típicos da terceira geração do Modernismo (geração de 1945) unidos à estética inovadora de Guimarães Rosa – autor consagrado como um dos maiores nomes da Literatura Brasileira. Nesses excertos, explorar-se-ão possíveis significados da cor branca, a qual, sem dúvida, levará à temática do conto; além disso, pretende-se analisar a linguagem rosiana, que é expressiva e simbólica, para retratar um mundo sertanejo recriado pela expressão literária, mítico e metafísico.
o presente trabalho tem como objetivo principal fazer relações entre as personagens Primo Ribeiro e Turíbio Todo dos contos Sarapalha e Duelo, respectivamente, que fazem parte do livro intitulado Sagarana de Guimarães Rosa. Nesses contos, as personagens serão analisadas a partir dos sentimentos de raiva, ódio, vingança, entre outros que impulsionaram atos impensados em busca de limpar suas honras manchadas e que, de alguma forma, contribuíram de maneira negativa para suas vidas, assim mostramos como Guimarães, considerado um grande escritor, consegue fazer com que seus personagens se pareçam com pessoas reais, com todas as qualidades e, principalmente, os problemas. Portanto, serão pontuados alguns fatos e características marcantes da vida e obra do autor e do movimento literário do qual fez parte: o Modernismo, mais especificamente a terceira fase, que traz como características principais o regionalismo e a liberdade de escrita.
Este texto é um estudo sobre o livro de poemasMagma de Guimarães Rosa, obra que submete à revisão a concepção de poesia. Esta técnica de produção artística representa um querer mimeticamente artístico, um querer poeticamente barroco. O objetivo deste texto é investigar esta escrita de Magma a partir dos estudos de Walter Benjamin, Severo Sarduy e Maria João Cantinho. Buscaremos conhecer a poética de Guimarães a partir desta provocação alegórica à travessia. Entendemos que Magma é o reino do barroco; Produção artística que finca suas raízes na mistura do clássico com o moderno, do erudito com moderno.Magma representa um questionamento risonho sobre a ideia de origem, por que nessa origem se encontra impregnada a ideia de realidade,como poesia procura seu reconhecimento no derretimento desse conceito. Magma uma elaboração poética em que a percepção primitiva do semelhante desenvolve-se, retraçando inexoravelmente a propedêutica elementar da modernidade, sua significação alegórica. Magma nos indica o caminho do verrossímel e mimético pelas metáforas fragmentadas que dão vazam a um discurso poético clarividente. Porém, é no campo da alegorizaçãoque as imagens cadavéricas da poesia barroca encontram espaço para se manifestarem. Aqui se sobrepõe o sentido de metáfora e de alegoria, ou seja, sobre o que é a modernidade barroca, o que instaura nos poemas uma faculdade mimética da percepção. Para este estudo partiremos do conceito de origem e de artebenjaminiano, para com este conceito compreender as alegorias presentes na poesia de Rosa. Os conceitos acima também nos auxiliaram a ler essa poética a partir da ideia barroca de arte, visando conhecer as imagens alegóricas representadas pela água. Esperamos como resultado a construção de uma leitura reflexiva sobre a travessia de Magma no cenário da escrita Roseana, tendo em vista sempre os aspectos alegóricos.Palavras-chave:Magma, barroco, alegoria.