Escola de Comunicações e Artes da USP

USP PODE CONCEDER TÍTULO DE HONORIS CAUSA PARA LUIZ GAMA

Luiz Gonzaga Pinto da Gama (Salvador, 21 de Junho de 1830 – São Paulo, 24 de agosto de 1882) foi poeta, advogado, jornalista, líder político e o maior abolicionista do Brasil. Publicou o livro “Primeiras Trovas Burlescas de Getulino” em 1859, com poemas que ironizavam a monarquia e os costumes da época, além de serem os primeiros versos da Literatura Brasileira em que o poeta se enuncia negro, inaugurando a nossa Literatura Negra. Como advogado autodidata, conseguiu a libertação de mais de 500 pessoas escravizadas ilegalmente e foi o maior especialista na legislação sobre manumissão (alforriamento). Como jornalista, fundou o primeiro jornal ilustrado da cidade de São Paulo, o “Diabo Coxo”, em 1864, ao lado do ilustrador italiano Ângelo Agostini, e colaborou diversos periódicos da capital paulista e do Rio de Janeiro, sempre defendendo princípios como a liberdade de imprensa, denunciando ilegalidades e publicizando os dramas da população negra. Como líder político e abolicionista, fundou o Partido Republicano Paulista e defendeu o fim imediato da escravidão, projeto social e político que deixou registrado nas páginas da imprensa, sintetizado no desejo de que o Brasil fosse uma terra “sem reis e sem escravos”.

Luiz Gama, filho de Luíza Mahín, nasceu livre, mas foi vendido pelo próprio pai como escravo aos 10 anos de idade. Reconquista a liberdade aos 18 anos, depois de aprender a ler e escrever. Tendo sido o único intelectual negro de sua época a ter passado pela experiência da escravidão, inicia uma trajetória de autodeterminação e afirma a identidade negra de forma individual e coletiva. Atua incansavelmente pela liberdade de corpos e emancipação de mentes, propondo um novo projeto de nação, em busca de um novo marco civilizatório para a humanidade.

Por isso, nós abaixo assinados solicitamos ao Conselho Universitário da USP a aprovar a concessão do título de “doctor honoris causa” póstumo a Luiz Gama, proposto pela Escola de Comunicações e Artes (ECA), como reconhecimento dos feitos deste grande brasileiro no campo do jornalismo, do direito, das artes e em prol da liberdade e da justiça social.