São Paulo (AUN - USP) - A regularização e demarcação de áreas de cultivo de organismos marinhos em seus habitats naturais, conhecido por maricultura, por instituições competentes são necessárias devido às práticas decorrentes deste ramo de produção. Essas práticas podem se resumir na importação de espécies exóticas, no processo de alimentação a base de rações, como farinha de peixe, soja, restos obtidos em abatedouros de animais e na seleção de produtos químicos utilizados no tratamento da água dos viveiros, que na finalização da produção, já misturados aos excretos dos organismos, são lançados ao mar.
As conseqüências da falta de regularização das áreas de maricultura não ficam apenas por conta do risco de contaminação ambiental. Segundo Fausto Silvestri, engenheiro de aqüicultura e mestrando em Oceanografia pela USP, através deste processo, ocorre uma inserção de compostos químicos ao redor das áreas de cultivo, alterando ambientalmente a comunidade, contribuindo para o aparecimento de doenças, dispersão dos ambientes naturais e para o empobrecimento dos bancos naturais de moluscos, o que desestabiliza o ecossistema.
Silvestri acrescenta que “a produção de camarões, por exigir uma maior capacidade tecnológica, cede, muitas vezes, preferência ao cultivo de moluscos que é menos impactante”. Isto porque os moluscos filtram os componentes químicos contidos na água para seu metabolismo dispensando a alimentação sintética ao contrário dos camarões.
O Brasil, que teve a sua introdução em maricultura nos anos 70, obteve ao longo dos últimos anos um crescimento significativo no setor, principalmente em escala industrial, gerando importantes reflexos para a economia local, como o aumento de oferta de empregos, além de aplicação nas indústrias farmacêuticas e fabricação de vernizes e tintas.