ISSN 2359-5191

11/11/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 81 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Ciências Biomédicas
Biofísico aponta informática como aliada na pesquisa molecular

São Paulo (AUN - USP) - A união entre a “área molhada” e a “área seca” tende a se estreitar cada vez mais. É o que defendeu o professor Paulo Mascarello Bisch, no seminário "Aspectos Atuais e Perspectivas da Biofísica”, realizado no último dia 29, no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP. Bisch, professor-titular do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da UFRJ, explica que as pesquisas em laboratórios, que corresponderiam à “área molhada” podem apresentar melhores resultados se aliados às novas possibilidades que a chamada bioinformática ou “área seca” oferece.

A bioinformática consiste, basicamente, em informação. Programas de computadores, redes e sites no mundo todo já oferecem o acesso a detalhes das mais complexas estruturas moleculares. É o caso do genBank, banco de dados do National Center for Biotechnology Information (NCBI), que fornece seqüências de nucleotídeos, genomas e proteínas. Também possibilita a busca de artigos científicos.

Alia-se à função de banco de dados a possibilidade de fazer comparações. É o caso do Basic Local Alignment Search Tool (BLAST), também da NCBI, que permite o reconhecimento de seqüências cujas estruturas são parecidas. O programa detecta as similaridades entre essas seqüências. Outros programas importantes são o DNA Data Bank of Japan (DDBJ) e o Europpean Molecular Biology Laboratory (EMBL).

No Brasil, o programa MHOLline, cujo idealizador é o professor Bisch, aparece como fonte de informações estruturais de moléculas protéicas, bem como para a notação de novos genes. Fruto da união entre o Laboratório Nacional de Computação Científica, do Ministério de Ciência e Tecnologia, e o Laboratório de Física Biológica, da UFRJ, o MHOLline é um programa de modelagem molecular. Através da identificação de referências e do alinhamento de seqüências, é construído um modelo como simulação da experiência em laboratório.

Instrumento
A possibilidade de visualização de diversas seqüências genéticas através de um banco de dados digital não indica necessariamente um progresso. “A massa de informação é enorme. A gente tem que aprender a lidar com ela”, assegura Bisch. Muitas seqüências genéticas ainda não foram decifradas. Então o que ocorre é a presença de informação, em que uma parte dela não significa nada para os pesquisadores.

Essa situação explica que a “área seca” é mais um instrumento da “área molhada”, e não a sua substituta. Enquanto a bioinformática oferece, além das facilidades dos dados, a vantagem de enxergar substâncias que não são possíveis no laboratório é com as experiências que as descobertas são legitimadas. “A gente não pode abrir mão da bancada”, afirma o professor Bisch.

Approach multidisciplinar
Hoje, a bioinformática é oferecida na UFRJ como uma especialização do curso de Ciências Biológicas e a busca por profissionais com perfis adequados não tem sido uma tarefa fácil. Segundo o professor Bisch, o pré-requisito para a formação de um biofísico é que ele possua um “approach multidisciplinar”.

O profissional que lida com assuntos de biofísica precisa, obrigatoriamente, entender – e gostar – de biologia, bem como de física, de informática e matemática. E essa diversidade é rara. “É difícil que se encontre uma cabeça múltipla, que não se restringe”, afirma o professor.

Para saber mais:
NCBI - http://www.ncbi.nlm.nih.gov/
BLAST - http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi
DDBJ - http://www.ddbj.nig.ac.jp/searches-e.html
EMBL - http://www.embl.org/
MHOLline - http://www.mholline.lncc.br/

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