ISSN 2359-5191

11/11/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 81 - Meio Ambiente - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Estudo aponta principais doenças que atingem pingüins em reabilitação

São Paulo (AUN - USP) - Apesar de não contar com animais que se reproduzem em seu território, o Brasil faz parte da rota de migração de pelo menos quatro espécies de pingüins. As principais doenças que atingem esses animais, quando recebidos nos centros de reabilitação do litoral brasileiro, foram o tema da palestra de Ralph Vanstreels. O doutorando do Laboratório de Patologia Comparada de Animais Selvagens (Lapcom) discorreu sobre o tema durante a XVIII Semana Científica Benjamin Eurico Malucelli, que aconteceu entre os dias 27 e 29 de outubro na Faculdade de Veterinária e Zootecnia da USP (FMVZ).

Vanstreels esclarece que não é normal que os pingüins apareçam nas praias. “Durante este período, os animais ficam o tempo todo no mar. Só o fato de ter encalhado na costa é sinal de que alguma coisa está errada”. Há uma convergência de fatores que podem levar a esta situação: traumas sofridos, fenômenos ambientais como tempestades e até mesmo a inexperiência dos bichos. Mas o que chama mais atenção é a petrolização.

Segundo o pesquisador, não são apenas os derramamentos súbitos – aqueles que acontecem em grande quantidade devido a acidentes – que preocupam. A contaminação crônica acaba sendo responsável pela maioria dos casos e, quanto mais volátil for a substância, mais prejudicial. A intoxicação pode provocar no animal queimaduras na pele, gastroenterite devido à ingestão e até mesmo pneumonia quando há inalação.

Outro problema grave que o petróleo pode trazer é o prejuízo no sistema de impermeabilização das penas, o que leva o animal a hipotermia, já que o corpo entra em contato direto com a água gelada. “Muitas vezes a situação piora devido à ignorância das pessoas. Por serem imediatamente associados a lugares frios, já tivemos muitos casos de animais que foram colocados na geladeira. O procedimento correto a ser adotado é justamente o contrário: antes de qualquer coisa, deve-se colocá-lo embaixo de uma fonte de luz para que se aqueça”, esclarece.

O quadro de caquexia e debilitação geral comum aos animais nesta condição pode ainda propiciar o aparecimento de doenças oportunistas. A mais comum delas é a aspergilose, que é causada por fungos. A principal dificuldade no combate é o fato de que, apesar de ser altamente letal, a doença é praticamente assintomática.

A malária aviária também traz grande preocupação. Ao contrário do que acontece com os seres humanos, a malária quando acomete as aves o faz de maneira bem mais sutil, sendo dificilmente letal. Porém, no caso dos pingüins é diferente. Por viverem em regiões onde praticamente não há mosquitos – que são vetores – os animais quase não tiveram exposição ao protozoário causador da doença, logo não possuem anticorpos para combatê-la. A resposta inflamatória do organismo é tão intensa que acaba levando os animais a óbito.

A manutenção dos animais por muito tempo fora de seu habitat pode levar também à pododermatite, mais conhecida como “bumblefoot”. Os pingüins são animais proporcionalmente muito pesados e que se apóiam muito nas patas quando estão fora do mar. O piso inadequado dos centros de reabilitação (concreto, cimento) pode levar à fricção demasiada nas patas o que propicia o surgimento da doença. No começo, há o aparecimento de uma pequena lesão que vai crescendo. Depois, há a formação de pus sólido no local e a ferida fica cada vez maior, sendo uma porta de entrada para diversas bactérias. “O tratamento é muito difícil, portanto, o ideal é que o animal seja devolvido à natureza antes que desenvolva a doença. No caso dos que vivem permanentemente em cativeiro, a recomendação é que se crie um ambiente mais parecido possível com o natural. Botinhas para aliviar a pressão nas patas também são muito utilizadas”, afirma Vanstreels.

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