ISSN 2359-5191

18/05/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 15 - Educação - Museu de Arte Contemporânea
Programa de inclusão pela arte pretende abrir nova turma em 2011

São Paulo (AUN - USP) - Por tratar-se de uma instituição pública, o Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC-USP) tem como um de seus objetivos desenvolver projetos voltados à inclusão de populações que, em geral, dificilmente teriam acesso a museus. O programa VivaArte!, coordenado pela educadora Andrea Amaral, faz parte desta iniciativa e pretende oferecer, no ano que vem, cursos para uma nova turma.

O projeto tem como público-alvo integrantes de ONGs e outras associações ligadas à área social ou da saúde, que já trabalhem em oficinas de geração de renda ou terapia ocupacional. Sua principal meta é ampliar o repertório estético e cultural de pessoas que de alguma forma (em geral, através do artesanato) já tangenciam questões da arte, como a cor, o desenho, a composição.

Iniciado em 2007, o curso foi estruturado em quatro módulos, cada um baseado num tema que dialoga com a realidade dos participantes. Andrea explica que os conteúdos abordados não estão vinculados à programação do MAC: o projeto prevê inclusive visitas a outras instituições de arte, a ateliês de artistas e ao patrimônio histórico-cultural da cidade, além de oficinas práticas e aulas expositivas.

O atendimento oferecido a cada aluno é muito pessoal, justamente para criar um vínculo com o educador e abrir espaço para experimentação. Após analisar a obra dos alunos durante os exercícios, Andrea faz uma avaliação em grupo, indicando a cada um outros artistas ou técnicas que dialoguem com sua produção: a um aluno com desenho muito detalhado, a educadora recomendou que estudasse os quadrinhos; a outro que pintava com blocos de cor, indicou Delauney; a uma que desenhou luminárias rebuscadas, apresentou a art nouveau. Dessa forma, os alunos são convidados a um trabalho contínuo de estudo e aperfeiçoamento.

À medida que as atividades progridem, o aprendizado é revertido para a produção anterior do aluno, seja ela o bordado, a pintura, a escultura, entre outras. Andrea nota que, ao longo do curso, os alunos param de reproduzir formas estereotipadas e começam a trazer memórias e referências pessoais para o trabalho, o que era justamente o objetivo do projeto: formar um repertório artístico mais amplo.

Como exemplo deste processo, Andrea cita a aluna Joselma, que ingressou no programa bordando apenas flores de formato estereotipado. Em pouco tempo, ela já passou a colocar suas próprias observações nos trabalhos, desenvolvendo inclusive um bordado que retratava sua cidade natal em Sergipe e memórias de sua infância. Outro caso é o de Maria da Conceição, que confeccionou uma colcha representando, também em bordados, os animais que fizeram parte de sua juventude em Angola.

A partir de maio, Joselma, Maria da Conceição e outros alunos que ingressaram no início do programa participarão do último módulo. Com o título de MultiplicAÇÃO, ele oferecerá 3 oficinas: Através da madeira, de xilogravura e marchetaria; Memórias bordadas, de bordado e tecido; e Pintando além dos sete, de aquarela, tinta acrílica e a óleo. Neste módulo, os próprios alunos irão ministrar oficinas a uma nova turma. Para Andrea, este é um passo importante em sua formação como multiplicadores, isto é, artistas capazes de utilizar e compartilhar o que aprenderam em suas instituições de origem. “O programa deve ter longa duração para criar um vínculo com os alunos, mas eles também precisam continuar por conta própria”, explica Andrea; “pretendemos formar uma nova turma ano que vem, e estes alunos que concluíram o curso agora vão retomar projetos de vida que tenham a ver com educação e formação”.

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