ISSN 2359-5191

01/06/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 21 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
USP cria sistema de previsão do tempo para público não especialista

São Paulo (AUN - USP) - Os impactos decorrentes das mudanças climáticas não afetam apenas o meio ambiente. As famílias, os setores industrial, econômico e empresarial também sofrem as conseqüências das variações do tempo. Especialistas brasileiros afirmam que todo ano, o país registra através das ações danosas das chuvas, perdas na ordem de um bilhão de dólares americano, que vão desde a destruição parcial ou total de bens imóveis e móveis, atrasos na entrega e distribuição de bens e serviços, paralisação de linhas de produção industrial, retenção de pessoas no trânsito, causando atrasos e faltas em compromissos pessoais e corporativos.

Uma forma de minimizar esta situação é antecipar as previsões do tempo. Pesquisadores do IAG – Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, desenvolveram um radar móvel para previsão do tempo em São Paulo. Segundo o professor e pesquisador Augusto Pereira, responsável pelo grupo, o projeto custou aproximadamente R$ 2 milhões e 600 mil, financiados integralmente pela Fapesp - Fundação de amparo a pesquisa do Estado de São Paulo.

O radar consegue monitorar o espaço atmosférico num raio de 150 km. Funcionando através de um Refletor que concentra energia eletromagnética e manda um pulso num pacotinho, e esse pacote viaja na velocidade da luz, ou seja, 320 km por segundo. Quando há gotas de água, há oscilação isotrópica que retornam ao radar estabelecendo um prognóstico das chuvas através de uma varredura em toda atmosfera a cada cinco minutos. O sistema já permitiu prever catástrofes de grande dimensão, com particular destaque para os deslizamentos ocorridos no Rio de Janeiro neste ano.

Órgãos de defesa civil, dos governos federal, estadual e municipal têm sido até agora os principais beneficiários do projeto. Na tarefa de estarem munidos de dados concretos e fiáveis sobre as variações do tempo conseguem alertar riscos e evitar calamidades e mortes no seio da população. Geralmente esses órgãos recebem as previsões com bastante antecedência, o que em situações de risco cria um ambiente favorável para minimizar estragos, como evacuação da população e isolamento de áreas de afetadas.

O grupo responsável pelo laboratório teve participação importante na mitigação das calamidades e catástrofes de várias cheias, principalmente em Barueri, onde a defesa civil e o corpo de bombeiros apenas trabalharam com os dados vindo do sistema do laboratório. Apesar da catástrofe ser quase da mesma proporção que as ocorridas no Rio de Janeiro, registrou–se apenas 72 vítimas mortais em todo município. Para Augusto, isso deveu-se ao fato de a calamidade ser prevista com bastante antecedência, o que permitiu a operacionalização de modelos de prevenção e contenção dos efeitos destrutivos da calamidade.

Agora, segundo Augusto, no intuito de socializar e partilhar esses dados com a população em geral, o grupo criou uma plataforma de acesso ao sistema através da internet, registrado e ancorado na página www.labhidro.iag.usp.br. Lá ficam armazenados todos os dados, que são disponibilizados e atualizados a cada quinze minutos. Para o interessado ter acesso ao sistema, basta entrar na página fazer o cadastro, e logo terá acesso as instruções e ferramentas de interpretação dos dados construídos em linguagem de fácil entendimento.

Após cumprir tais requisitos o internauta, poderá ter acesso direto as previsões do radar sobre o tempo, que chegam com antecedência de quinze minutos. Segundo os pesquisadores, a vantagem deste sistema é que o usuário fica sabendo em tempo real, o momento certo em que o clima poderá variar com a vinda de chuvas, ventos etc, e respectiva intensidade. Tais informações permitem às pessoas programarem melhor suas rotinas, sem receios e incertezas. E assim, muitos desperdícios e prejuízos e situações anormais podem ser evitadas, como, por exemplo, ficar preso no trânsito, sair de casa sem agasalho, planejar melhor as atividades do setor industrial e empresarial, tomando todas as precauções necessárias sem constrangimentos nem burocracia.

A idéia do projeto é continuar por prazo indeterminado, mas sua principal dificuldade são os escassos recursos financeiros para sua manutenção, já que o financiamento da Fapesp terminou em março. Para ultrapassar as dificuldades financeiras, o grupo planejou conseguir apoios de entidades públicas e privadas. “Agora, iremos buscar consolidar parcerias e convênios com instituições interessadas, que, em princípio, são potenciais utilizadores dos nossos serviços, para que haja continuidade do projeto”, garantiu Augusto Pereira.

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