ISSN 2359-5191

24/06/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 38 - Saúde - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP
Pesquisa comprova que gelo alivia dor no períneo após parto normal

São Paulo (AUN - USP) - A prática já era usada há anos, mas finalmente a ciência comprovou: bolsas de gelo anestesiam o períneo dolorido de mulheres no pós-parto. Não havia comprovação de que a crioterapia, como é chamada a técnica, fosse realmente efetiva, embora muitos médicos e enfermeiros a utilizassem no lugar – ou junto de – drogas analgésicas. Fácil e de custo reduzido, o gelo pode ser usado por mulheres de qualquer nível social.

Os estudos foram feitos por pesquisadoras da Escola de Enfermagem da USP. A tese de doutorado de Lucila Coca Leventhal, orientada pela professora Sonia M. Junqueira V. de Oliveira, nasceu dentro do grupo de pesquisa “Enfermagem e assistência ao parto”. O grupo estuda os ambientes em que são realizados partos normais – tanto o modelo tradicional obstétrico-cirúrgico comum em hospitais quanto o de “centro de parto normal”, intra ou extra-hospitalar – e formas de prevenir e cuidar de traumas perineais no parto normal.

O períneo, região entre a vagina e o ânus, pode sofrer traumas ou lesões durante o parto normal, seja pela força exercida pela mulher, pela posição em que ela se localiza, por sua própria estrutura. Era comum que se fizesse um corte na região – acreditava-se que isso evitaria lesões. Diversas pesquisas já quebraram esse mito, informam Sonia e Maria Luiza Gonzalez Riesco, coordenadoras do grupo. Mas como as lesões continuam ocorrendo em muitos casos – 94,4% das mulheres participantes da pesquisa sofreram trauma perineal -, pensar em maneiras alternativas às drogas para aliviar a dor das mulheres é uma questão importante.

Lucila fez testes com três grupos de mulheres, cada um com 38 pacientes. Cada grupo foi “tratado” de um modo: um sem bolsa, um com bolsa de água à temperatura ambiente, e o outro com bolsa de gelo. O último grupo foi o que apresentou melhor resultado: 22 das mulheres tiveram melhora acima de 50%, e 13 entre 30% e 50%.

Sonia explica que o gelo surte efeito porque faz com que a temperatura da região chegue entre 10ºC e 15ºC, anestesiando-a. Ele inibe os estímulos dolorosos do local onde há a lesão, impedindo-os de chegar ao sistema nervoso central.

A professora realizou uma pesquisa conjunta à de Lucila, na qual comparou o tempo da aplicação da bolsa. No primeiro estudo, o tempo havia sido de vinte minutos. O que Sonia buscou em sua tese de livre docência foi saber se um tempo menor também seria eficaz. Novamente, três grupos foram estudados. As mulheres do primeiro grupo permaneceram dez minutos com a bolsa de gelo; as do segundo, quinze minutos; as do terceiro, vinte minutos. Comprovou-se que a eficácia é a mesma – ou seja, basta que a mulher aplique a bolsa por dez minutos para ter a dor aliviada.

Não se chegou a um intervalo de tempo determinado para as aplicações. “Isso varia de mulher para mulher, mas, diferente do que acontece com os remédios, não há problema se os intervalos forem curtos ou longos,” diz Sonia. Além de completamente natural, a crioterapia é também uma técnica que pode ser feita em casa e com um custo muito baixo, por isso é acessível a praticamente todas as mulheres. Comprovar sua eficácia tem nisso sua maior importância: democratizar e promover a saúde.

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