São Paulo (AUN - USP) - O arquiteto franco-suiço Charles-Edouard Jeanneret-Gris, mais conhecido pelo pseudônimo de Le Corbusier, além de ter revolucionado a arquitetura, inaugurando a chamada fase moderna, influenciou também o projeto de Brasília.
Lúcio Costa, o urbanista de Brasília, teria se inspirado no projeto de Le Corbusier para a Universidade do Brasil (atual UFRJ), em 1936, que também continha um eixo monumental, que era o eixo ferroviário. A praça da reitoria se assemelha a atual praça dos três poderes na capital federal. Os dois profissionais passaram a se relacionar quando o francês veio ao Brasil em 1936 incumbido de ser consultor da construção do novo prédio para o Ministério da Educação, no Rio de Janeiro. A obra estava sob responsabilidade de Lucio Costa.
“A grande contribuição da arquitetura de Le Corbusier é muito mais urbanística do que estética”, afirma o professor Rodrigo Queiroz da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Costa teria, então, utilizando essa influência, desenhado o que se tornaria Brasília sozinho em uma viagem de navio.
Na cidade, ainda segundo o professor, há uma sutil relação entre urbanismo e arquitetura “uma tênue linha de até aonde vai o plano urbanístico e onde começa o desenho arquitetônico”. Porém, “só um arquiteto poderia dar sentido a tudo isso”. Nesse ponto entra o talento de Niemeyer. O arquiteto, que foi estagiário no escritório do urbanista, ficou encarregado durante a visita de Le Corbusier de acompanhá-lo enquanto esse desenhava.
Niemeyer
“Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida”, a célebre frase de Oscar Niemeyer pode ser verificada em suas obras mais famosas, como o Museu de Arte Contemporânea do Rio de Janeiro, a Igreja da Pampulha em Belo Horizonte ou o projeto arquitetônico de Brasília.
Não por acaso o professor ficou espantado, quando ao entregar o resultado de suas pesquisas para Niemeyer, ouviu a seguinte frase: “A reta é mais importante que a curva. Se não houver uma reta, não há como perceber a liberdade da curva”. Diante disso faz–se valer a constatação de Queiroz: “um traço característico de Niemeyer é oposição”.