ISSN 2359-5191

08/11/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 97 - Sociedade - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Beber também é cultura

São Paulo (AUN - USP) - A postura diante do beber, as formas sociais aceitas e as censuradas e os critérios para o bom e o mau beber em diferentes épocas. Esses são os temas centrais do livro “Bebida, abstinência e temperança” do professor Henrique Carneiro da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH - USP) que foi lançado no final de outubro em São Paulo.

A partir de comparações entre textos filosóficos, médicos e religiosos, a obra apresenta um amplo debate a respeito do significado da bebida, de seus efeitos e de suas relações com a história de uma sociedade. O professor de História Moderna, Henrique Carneiro, ressalta as bases de que o livro parte: “as fontes utilizadas são os clássicos da filosofia antiga e moderna como Platão, Aristóteles, Plutarco, Montaigne, Montesquieu e Nietzsche, os textos sagrados e autores mais contemporâneos que investigaram os usos de bebidas alcoólicas de um ponto de vista histórico e antropológico”.

Um dos pontos destacados por Carneiro é o de que foram raras as sociedades que praticavam ou ainda praticam totalmente a abstinência de ingestão de bebidas alcoólicas. A explicação para isso é a moderação que costuma ser bem vista socialmente. “Em quase todas as culturas, o ato de ingerir bebidas alcoólicas é regulado socialmente por meio de critérios morais que refletem a busca de um padrão ideal, eqüidistante tanto do excesso quanto da carência”, completa.

A negação da bebida alcoólica pode gerar momentos históricos tensos. No século XX, a proposta de proibição se tornou uma política de Estado nos EUA, de 1920 a 1933. O resultado, porém, não foi a redução no consumo dessas bebidas. O professor lembra que os efeitos “foram ineficazes em relação à diminuição do consumo, causando um aumento da rentabilidade do negócio clandestino e um conseqüente aumento da violência e de danos à saúde pública por adulterações e falta de fiscalização adequada”.

As bebidas foram e continuam sendo produtos centrais em quase todas as sociedades. São gêneros de primeira necessidade que, além de nutrir, alteram a consciência e por isso tornam-se instrumentos de muitas práticas sociais, desde as religiosas até as festivas ou lúdicas. Henrique completa: “a importância das bebidas ultrapassa o seu papel econômico, assumindo identidades sociais e culturais de importância central na história das civilizações”.

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