ISSN 2359-5191

08/11/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 97 - Economia e Política - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Walter Benjamin está mais vivo do que nunca

São Paulo (AUN - USP) - Os conceitos desenvolvidos pelo filósofo alemão Walter Benjamin no início do século XX foram, recentemente, reavivados. O livro “Benjaminianas: cultura capitalista e fetichismo contemporâneo”, lançado no início deste mês, atualiza os textos de Benjamin através de uma investigação do homem moderno e do sex appeal do inorgânico.

Em “Benjaminianas”, a autora Olgária Matos – professora aposentada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH - USP) e vencedora do Prêmio Jabuti de Ciências Humanas de 1990 – analisa textos do filósofo que tratam do processo de mudança socioeconômica que levou o homem ao capitalismo de consumo no qual ele se encontra. A questão principal abordada no livro é o “fetichismo da mercadoria”. Olgária lembra que essa ideia não é criada por Benjamin, mas ampliada por ele. A autora ressalta: “o livro desenvolve o pensamento de Benjamin em torno da questão do fetichismo da mercadoria, conceito ampliado pelo filósofo, uma vez que nele, ele inclui além de Marx, Baudelaire e Freud, a concepção propriamente grega do ‘eidolo’, dos fantasmas”. Quanto ao conceito grego destacado na obra, a professora explica que se trata da questão do limiar entre realidade e fantasmagoria; entre princípio de realidade e de delírio.

No capitalismo de consumo, os sentidos do homem são embaralhados pela indeterminação do princípio de realidade que se impõe sobre a noção de sujeito, indivíduo. Isso acontece devido à sedução que as mercadorias exercem sobre os homens e a necessidade de colonizar o mundo interno de cada um, num cenário em que os fatores econômicos e a economia de mercado passam a reger o cotidiano de todos, sem que se possa escapar disso. No mesmo ritmo da economia, então, o homem moderno passa a ter ânsias por novidades descartáveis.

A professora ressalta que, a partir dessas análises, o valor cultivado na sociedade moderna acaba sendo o do prazer imediato, onde não se pode mais diferenciar o significativo do insignificante. Olgária acrescenta: “A cultura capitalista é a da ‘incuriosidade’. Por isso estudar ficou tão tedioso e insuportável para grande parte das crianças e adolescentes. Esta cultura é também a da ‘indiferenciação’ de tudo, já que no mercado tudo se equivale, a da universalização do tédio e da pseudo-satisfação dos objetos. Essa é a cultura em que o risco de não morrer de fome se paga pelo risco de morrer de tédio”.

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