ISSN 2359-5191

10/12/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 117 - Saúde - Faculdade de Medicina
Pedestres sofrem com falta de espaço nas grandes cidades

São Paulo (AUN - USP) - Desde 1769, quando o primeiro carro foi inventado, os pedestres vêm perdendo espaço nas ruas para os inúmeros veículos que não param de entrar nas cidades. Essas passaram a ser projetadas de acordo com a necessidade dos automóveis. “Em ruas com ladeiras, as calçadas são niveladas para a entrada dos carros nas garagens, e o pedestre tem que enfrentar desníveis, degraus e rampas de má qualidade para se locomover”, exemplifica Paulo Saldiva, professor titular da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).

Na ortopedia do Hospital das Clínicas, os principais atendimentos são referentes a acidentes de pedestres causados por tropeções e tombos nas calçadas da cidade. O próprio noticiário visa atender o interesse dos motoristas: buracos no asfalto geram inúmeras notícias, já as calçadas desreguladas são deixadas de lado. Existem rádios, como a SulAmérica Trânsito (92,1FM), voltadas especialmente para falar sobre o congestionamento das cidades. Usando dicas dadas pelos próprios ouvintes, as emissoras ajudam o motorista a enfrentar o trânsito. Já os usuários de ônibus não têm a quem recorrer para falar sobre o trânsito no corredor da Av. Rebouças ou sobre a super-lotação nos horários de pico, por exemplo. “Hoje, um atropelamento não é mais notícia. Ele é visto como a causa do congestionamento. Este sim, visto como um assunto para uma reportagem jornalística”, explica Saldiva.

A universitária Daniela Del Carlo teve seus dois joelhos operados, e por isso teve que usar uma cadeira de rodas durante quinze dias. “Foi uma aventura desastrosa ir até ao shopping que fica a dois quarteirões da minha casa. As calçadas não são adequadas para permitir acessibilidade a todos”, conta a estudante. Sua irmã teve que fazer manobras e usar muita força para passar pelas calçadas de paralelepípedos com buracos e rampas desreguladas. Na própria calçada do Hospital das Clínicas, os pacientes com cadeira de rodas ou muletas sofriam para percorrê-la – elas foram reformadas recentemente; os espaços entre os postes e os muros são pequenos, o cimento está quebrado e mesmo o farol do cruzamento entre a Av. Doutor Arnaldo e a Rua Major Natanel não prioriza os pedestres, que têm que fazer a travessia enquanto o farol para carros já está aberto.

Mas hoje, a função do carro não consegue mais ser posta em prática nas grandes cidades. No final de tarde da Av. Doutor Arnaldo, no centro de São Paulo, a velocidade média de um carro é de 6km/h. “Na época do Descobrimento, as mulas andavam a 14km/h”, ironiza o professor. Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a lentidão do trânsito em uma manhã chega a ultrapassar os 100 km em São Paulo. Para amenizar a situação, a companhia direciona seus funcionários para coordenar o engarrafamento durante a semana. Mas dão folga a eles aos sábados e domingos, quando há mais mortes no trânsito. Com isso, as ruas de São Paulo conseguem ser organizadas – na medida do possível -; mas não seguras.

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