ISSN 2359-5191

10/12/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 117 - Economia e Política - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Pesquisa explica falência do modelo açucareiro

São Paulo (AUN - USP) - A falência do modelo açucareiro levou os senhores de engenho de Pernambuco a um quadro de endividamento generalizado. A razão para isso está, sobretudo, no investimento produtivo no escravismo, baseado no crédito. Segundo Tereza Cristina de Novaes da Universidade Nacional de Brasília(UnB),em pesquisa apresentada durantes os Seminários de História Econômica Hermes & Clio, na Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuárias da Universidade de São Paulo (FEA-USP), os fatores internos aparecem como determinantes importantes nesse panorama.

A capitania de Pernambuco sempre ocupou posição de destaque na produção da cana-de-açúcar no período colonial. Com a queda do preço internacional, o produto foi desvalorizado e deixou de ser a principal atividade lucrativa da colônia. No final do século XVIII, a descoberta do ouro fez com que a região das Minas Gerais se tornasse o principal eixo do Brasil. Ainda assim, ao contrário do que muitos pensam, o estado nordestino continuou a receber incentivos da Coroa portuguesa. Entretanto, o endividamento era crônico e as investidas não deram resultado.

O principal problema estava no investimento exclusivo no escravismo. Mão de obra para a produção de açúcar, o escravo era comprado a crédito. Como as condições de trabalho eram insalubres e o açúcar já não era mais tão valorizado, o escravo morria antes de completar o seu « ciclo produtivo ». Assim, o investimento não trazia um retorno para o senhor de engenho e as dívidas alastraram-se pela população.

A partir do estudo de 29 casos de processos contra os endividados, Tereza Cristina acredita que a razão talvez esteja em uma lei que não favorecia o pagamento das dividas. “Não havia nenhum tipo de política voltada para os devedores. Essas dívidas passavam por gerações e não havia viabilidade para que elas fossem pagas”. Um indicativo interessante nesse aspecto é que a falência do fazendeiro era de conhecimento de todos, mas ele continuava a receber empréstimos. Muitas vezes, o mesmo bem era penhorado para dívidas diferentes.

Tereza Cristina observa com isso que a produção açucareira não possuía nenhum tipo de organização. Apesar da concessão de empréstimos, não existiam políticas em longo prazo. Exemplos como esse demonstram como a administração portuguesa das colônias deixava a desejar e contribui para uma dependência em relação ao capital estrangeiro.

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