ISSN 2359-5191

04/11/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 105 - Sociedade - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
USP promove debates sobre perspectivas do Brasil no cenário mundial

São Paulo (AUN - USP) - A USP promove neste semestre uma série de palestras, que tem como tema central Desafios da globalidade. Em uma dessas palestras, o professor Jacques Marcovitch, ex- reitor da USP, falou sobre as Assimetrias da sociedade internacional. Durante a exposição, o professor afirmou que o desafio ambiental pode se tornar um eixo de integração para o Brasil, que já é visto como um país com um grande potencial ambiental.

Com a aproximação da conferência Rio + 20, o professor mostrou um panorama geral sobre as enormes modificações que ocorreram desde a conferência de 1992, e apontou a governança global como um assunto importante para solucionar os problemas ambientais. A questão colocada pelo professor foi sobre como podemos tomar decisões sem muita demora, em relação a temas como a preservação ambiental, respeitando a ONU e a soberania dos países.

Para Marcovitch, o Brasil tem um papel importante na atual conjuntura mundial, mas o país precisará se articular com outros grupos de países intermediários para poder se impor no assunto da sustentabilidade. Além disso, a Universidade pode ajudar a colocar o Brasil como um dos grandes centros de desenvolvimento de tecnologias limpas.

A crise financeira irá decidir qual o nível de discussão na Rio+20, pois ela irá, inevitavelmente, pautar o encontro. Esse é também um ponto importante para se pensar as discussões sobre preservação ambiental e sustentabilidade, qualquer ação que se tenha nesse campo está subordinada ao cenário econômico mundial e regional.

Vinte anos de mudanças
Desde a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, mais conhecida como ECO-92, ocorreram transformações inimagináveis no mundo. O crescimento da China, o enfraquecimento de várias moedas, a vulnerabilidade dos países frente ao terrorismo, as tensões no mercado mundial são apenas alguns dos indicativos dessas mudanças. Além disso, outra mudança de grande impacto é que as dimensões que orientam uma conferência mundial mudaram.

Antes de 2008, era muito difícil imaginar que o G8 não seria suficiente para discutir soluções para a crise mundial, o que resultou na criação do G20. Para o professor Marcovitch, chegamos a um capitalismo sob tutela, o multilateralismo se enfraqueceu, as mudanças climáticas foram confirmadas e tomaram proporções inesperadas.

As metas compulsórias desenhadas no Protocolo de Kyoto não se materializaram, e a ONU praticamente não tem instancias punitivas. É preciso, na opinião de Jacques Marcovitch, aperfeiçoar os meios existentes e tornar mais ágil a governança da ONU, e aumentar o poder de decisão.

Mudanças climáticas
Para Jacques Marcovitch, as mudanças climáticas adquiriram proporções muito maiores que o esperado. O risco de inundações das cidades costeiras é um tema importante. O professor enfatiza que a tendência de agravamento teria como causa erros acumulados, cometidos por vários países desde a Revolução Industrial.

É preciso estabilizar a concentração de gases estufa, e para isso, o palestrante acredita ser necessário “passar da retórica da sustentabilidade para a métrica da sustentabilidade”. É importante preservar as florestas tropicais e fazer com que o uso da água e da energia seja mais efetivo.

Mas hoje a consciência ambiental é mais presente que antes. Não há como entrar no mercado sem um investimento em sustentabilidade, e os acionistas também são responsáveis pelas atividades da empresa.

O Brasil
Nas palavras do professor, “tudo mudou, inclusive as dimensões orientadoras de uma conferência mundial”. Se em 1992 o Brasil era um país pobre, hoje, se não é desenvolvido, é pelo menos um país intermediário.

O crescimento da renda das classes médias brasileiras produz um grande aumento do consumo, o que causam um aumento da emissão de gases estufa. “Consumo das camadas emergentes é um direito inalienável, e o papel da engenharia é fazer com que o aumento dessas pessoas que podem consumir não tenha como reflexo o aumento da emissão de gases poluentes”, explica o professor.

A Legislação estimula, mas não puni empresas que não se adequam às metas de sustentabilidade ambiental, um fato que o professor Jacques Marcovitch considera um erro. O palestrante também apontou as universidades públicas como fatores importantes para a resolução desse problema. Segundo ele, desde 2000, foram criados novos cursos e novas áreas, que associam as competências de cada unidade com a questão do meio ambiente.

Para Marcovitch, o Brasil já conseguiu separar o crescimento econômico do uso de recursos naturais, mas que ainda há uma grande demora quando o país tenta adquirir patentes, que podem gerar grande desenvolvimento. Também, segundo Marcovitch, “a Universidade pode ajudar a colocar o Brasil como um dos grandes centros de desenvolvimento de tecnologias limpas”.

Amazônia
Muito é falado sobre a Amazônia e muito do que é falado é lugar-comum, e todos já sabem. Essa é uma discussão em pauta no Brasil e no mundo inteiro, dada a magnitude ecológica dessa floresta. A Amazônia tem influência no regime das chuvas e no clima do mundo inteiro, e dessa forma sua preservação favorece a produção de alimentos em todo o planeta.

Para ilustrar a importância desse bioma, o professor citou o papel do rio Amazonas no equilíbrio da temperatura dos oceanos, pelo deságüe do rio. As águas do rio brasileiro forma a Corrente do Golfo, e chegam até a Noruega. “Quando a Noruega começa a apoiar o Brasil na preservação da Amazônia, ela o faz pois sua pesca – muito importante na economia desse país – depende do fluxo de águas que vem da Amazônia e chega ao país pela corrente marítima do golfo”, explica Marcovitch, que ainda acrescentou: “A Amazônia, sem deixar de ser brasileira, muito pode oferecer aos países que saibam apoiá-la”.

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