ISSN 2359-5191

21/06/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 48 - Saúde - Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Jornadas científicas fazem história na Faculdade de Ciências Farmacêuticas

São Paulo (AUN - USP) - Como parte do programa de extensão da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP), as Jornadas Científicas dos Acadêmicos de Farmácia e Bioquímica (JCAFB) tiveram início em 1966, no litoral sul do Estado de São Paulo. Após mais de 40 anos, a adesão dos alunos à jornada é crescente e a participação de integrantes de outros cursos começa a ser pensada.

Os conceitos das primeiras jornadas já eram semelhantes aos das atuais. No entanto, elas se limitavam a tratar casos de regiões afetadas pela esquistossomose e pelo surto de caramujos em locais litorâneos. O objetivo, até hoje, é reunir um grupo de estudantes voluntários, durante as férias de janeiro, para passar cerca de um mês em uma cidade previamente escolhida, com características específicas. Nessas cidades, são realizados exames laboratoriais, além de serem organizadas diversas campanhas preventivas.

As jornadas foram interrompidas em 1978/1979 por dispersão dos próprios alunos, mas foi retomada com sucesso em 2003. Não há nenhum tipo de interferência direta de professores da farmácia no programa, mas a professora Primavera Borelli auxilia a coordenar as jornadas. Em sua época de aluna, também participou das expedições e continua dedicando o mês de janeiro às viagens.

As cidades que sediam as Jornadas Científicas são escolhidas pela análise de dados como Indicador de Desenvolvimento Humano (IDH), condição de saneamento básico e do setor de saúde, número de habitantes (que deve variar entre 2 mil e 10 mil), entre outros fatores. Cada cidade recebe os alunos durante quatro anos e como troca só é pedido alojamento e três refeições por dia, por parte da prefeitura.

Existem projetos fechados e campanhas abertas nos trabalhos voluntários. Os projetos fechados focam o trabalho em grupos de crianças, idosos e anêmicos nutricionais. Os alunos se dividem basicamente em dois grupos maiores, os que ficam em laboratório realizando análises e os que partem para a cidade em busca de famílias que possam aderir ao programa.

No caso do projeto fechado das crianças, participam alunos em idade escolar que frequentam escolas municipais. Em duplas, os estudantes da USP vão até as casas que se encaixam nesse critério e apresentam o projeto com o pedido de assinatura a um termo de adesão. São realizados exames para detectar parasitoses nas crianças e os exames são estendidos aos restantes dos familiares caso apresentem resultados positivos. Apesar da distribuição de medicamentos não ser o papel das jornadas, os alunos então seguem para orientar as famílias que possuem casos de parasitoses. Como consequência, a necessidade de exigir mais do poder público é mais clara após as visitas.

Para aqueles que são afetados pela anemia nutricional, o mecanismo do projeto não é muito diferente. Dessa vez, geralmente selecionam-se crianças de dois a oito anos, gestantes, mulheres e idosos. As visitas às casas, a assinatura de um termo e as orientações continuam. Por meio de pulsões digitais, é possível analisar se há casos de anemia. A orientação segue abordando temas como hábitos alimentares, a presença de ferro na alimentação e novamente prevenção às parasitoses, algumas também causadoras de anemia.

Os idosos fizeram parte do primeiro grupo de projeto fechado em 2011 e para selecioná-los ocorre um sorteio. As análises e as orientações são em torno de parasitologia, anemia, glicemia, diabetes, infecções urinais e hipertensão. São realizadas discussões em torno do uso apropriado de medicamentos e de uma alimentação equilibrada e apropriada para os idosos.

As campanhas abertas das jornadas ocorrem durante os finais de semana para que elas sejam melhor aproveitadas pela população. Novamente são realizados exames de glicemia e hipertensão. Dados antropométricos, como peso, altura e circunferência abdominal são colhidos e os resultados são apresentados na hora. Para que as campanhas fluam melhor, há elaboração de circuitos que contém a colheita de dados e de sangue e estações próprias para as orientações. O final da tarde é característico por fornecer palestras, oficinas e até peças de teatro que abordam tanto temas mais consagrados como assuntos escolhidos pela população de cada cidade. Geralmente, surgem discussões em torno do uso de drogas, sexualidade, atividade física e gravidez na adolescência.

As jornadas também entregam para a prefeitura de cada cidade um mapeamento contendo locais de maior incidência de cada doença analisada. Nos laboratórios, são feitos exames microbiológicos da água de cada região do município e outros dados diversos sobre a cidade são organizados para que o trabalho das prefeituras seja facilitado.

As inscrições para as Jornadas Científicas são abertas em abril ou maio de cada ano. De junho a dezembro há treinamentos semanais aos voluntários, além de haver uma prova final para selecionar aqueles que poderão fazer parte da viagem em janeiro. Devido à capacidade de transporte e a disponibilidade das prefeituras para alimentação e alojamento, são levados, em média, 45 alunos. O programa é de autogestão, mas contém coordenadores, que também são os próprios alunos, para melhor organizar cada área diferente abordada.

Primavera ainda idealiza maior participação de outros cursos nas jornadas. Alunas de enfermagem e nutrição já tiveram essa experiência e, no ano passado, a jornada contou com a presença de um aluno da Escola de Comunicações e Artes (ECA) para fazer o registro de fotos da expedição. A professora reforça que o contato com outras realidades é a maior recompensa do programa. Anualmente, criam-se vínculos e alguns contatos, com as crianças especialmente, são mantidos por meio de cartas.

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