ISSN 2359-5191

06/11/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 104 - Meio Ambiente - Instituto Oceanográfico
Pesquisadores estudam o impacto da expansão do Porto de São Sebastião

São Paulo (AUN - USP) - Visando o suporte à extração de pré-sal no litoral brasileiro, várias obras serão realizadas na região. Entre elas, está a expansão do porto de São Sebastião, que receberá cerca de R$ 4,9 bilhões de investimentos públicos e privados até a próxima década, devendo triplicar sua capacidade. No entanto, o projeto afetará os ecossistemas ao redor do porto, especialmente a região da baía do Araçá, inserida na Área de Proteção Ambiental (APA) Marinha do Litoral Norte e que abriga áreas de mangue, praias arenosas e costões rochosos e por sua importância virou alvo de estudo de um grupo de cientistas.

O objetivo da pesquisa, que tem como principais instituições o Instituto Oceanográfico (IO), o Centro de Biologia Marinha (Cebimar), ambos da USP, e a Unicamp, é justamente analisar a importância ecológica e econômica desta área, o que permitirá discutir de forma mais qualificada os impactos da obra. “Nossa intenção não é barrar a expansão do porto, mas fazer um estudo mais aprofundado das consequências queela causaria e mostrar a importância da região do Araçá para que as decisões sejam tomadas de forma mais sustentável” diz Alexander Turra, professor do IO e um dos pesquisadores do projeto, que completa: “A baía do Araçá é uma das regiões mais estudadas na costa brasileira e possui grande biodiversidade, sua destruição seria uma grande perda”.

Com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) de aproximadamente R$ 3 milhões, o projeto recebeu o apoio da Prefeitura de São Sebastião, que solicitou ao Ministério Público Estadual aguardar o fim da pesquisa para continuidade do licenciamento ambiental da obra. “O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) atualmente protocolado no Ibamanão analisou satisfatoriamente todas as implicações da obra e foi feito de forma parcial, é necessário um estudo mais profundo” explica Turra.

A pesquisa ainda está em fase inicial. Um workshop realizado em julho fez uma releitura do projeto e definiu os procedimentos operacionais. O próximo passo é a realização de quatro coletas de dados na área, que permitirão os estudos sobre os ecossistemas localizados ali. “O objetivo disso é entender como esse ambiente funciona para aí então compreendermos como ele será impactado pelas obras do porto.”

Uma das alternativas ao projeto original de expansão seria a transformação em um porto de exportação de álcool e não de contêineres, assim não seriam necessárias todas as obras viárias na região e a área seria preservada. Apesar do caráter ambiental da pesquisa, Turra destaca que é preciso defender os interesses coletivos. “Não há mocinhos nem bandidos, apenas queremos entender plenamente o ambiente da região para permitir a tomada de uma decisão coerente sobre a expansão” diz o pesquisador. “Mas sabemos que há muitas questões econômicas envolvidas e por isso a ideia é conciliar os interesses de todos os atores do processo dentro do possível.”

O pesquisador ainda comenta sobre uma alternativa proposta para a expansão. “O projeto mais recente prevê fazer a expansão do porto em uma e laje e diz que isso preservaria a área.Porém, esse método, além de muito caro, pois seria necessária uma grande estrutura para sustentar essa laje, poderia criar embaixo da estrutura um ambiente de decomposição da matéria orgânica, que estaria ali acumulada e liberaria gases quando decomposta, prejudicando ainda o turismo da região, além de comprometer irreversivelmente a biodiversidade local.”

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