O projeto “Exercício e Coração” apresenta, desde 2000, cursos de caminhada e práticas de exercícios vinculados à Secretaria de Cultura e Extensão da EEFE / USP (Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo). Ministradas por alunos e professores da EEFE, as aulas têm como objetivo orientar os frequentadores do Parque Fernando Costa — mais conhecido como Parque da Água Branca — a praticarem atividades físicas de modo seguro.

O projeto consiste em reunir grupos de pessoas que têm o hábito de se exercitar no parque e realizar quatro etapas com eles. Primeiramente, há uma sessão de alongamento com duração média de 25 minutos. Após isso, os participantes são levados a um outro local do parque, onde realizam exames de medição de força, flexibilidade, frequência cardíaca e resistência aeróbia. Caso estejam aptos a praticarem atividades físicas com segurança, são orientados a fazer caminhadas em um percurso que seja adequado ao perfil de cada um, entre os cinco trajetos pré-definidos pelos monitores. Por fim, os alunos ganham autonomia e estão “autorizados” a praticarem exercícios sem a supervisão dos monitores.

O ex-aluno e atual professor educador da EEFE, Bruno Modesto, que exerce o papel de coordenador do “Exercício e Coração”, descreveu um pouco da história do projeto. A metodologia aplicada pelos monitores nem sempre foi a mesma. O roteiro de quatro etapas ocorre apenas desde 2006 — seis anos após o início do projeto. “Inicialmente, começamos com uma atuação pontual no parque, uma atividade na qual os frequentadores vinham fazer levantamento de risco, medida de pressão, entre outras coisas”, contou.  “Como a atividade foi muito bem vista por todos, a administração do parque nos convidou a instalar o projeto aqui [no parque] permanentemente.”


O projeto "Exercício e Coração" completa 13 anos de atuação em 2013 (Foto: Lucas Faraldo Knopf)

Dia-a-dia

O monitor também atentou para o fato de o curso, apesar de ser aberto ao público adulto em geral, ter presença majoritária de idosos. Para ele, a explicação é bem simples e objetiva. “O Parque da Água Branca e este bairro [Água Branca] são locais que concentram idosos. Não é uma questão de o projeto atrair a terceira idade, e sim de onde ele está inserido”, esclareceu. “No Ibirapuera ou no Vila Lobos, por exemplo, seria diferente.”

As aulas são realizadas três vezes por semana, no horário da manhã. Segundo Modesto, isso não é um acaso, haja vista que “a importância do período matutino [para a realização das aulas] casa duas coisas”. Estas coisas, conforme explicado por ele, são “a disponibilidade dos monitores, conforme a grade de horários da EEFE, e o fato de a maioria das pessoas quererem fazer exercícios antes de ir para o trabalho ou para uma outra atividade primária ou secundária”.

Além do horário, outro ponto positivo proporcionado pelo projeto é o ambiente ao ar livre que um parque verde proporciona aos alunos. Conforme o professor educador comentou, ter um local tipicamente natural como palco do “Exercício e Coração” em plena cidade de São Paulo é “unir o útil ao agradável: atividade física, que é uma coisa útil, e o ambiente do parque, que é uma coisa agradável”.

Além dos já esperados benefícios na saúde, Modesto conta sobre as vantagens adquiridas pelos participantes com relação ao convívio social. “O alongamento, por exemplo, nada mais é do que uma aula para ensinarmos uma gama de exercícios de flexibilidade, mas que depois de um mês você já está capacitado de fazer de maneira autônoma”, o monitor explicou. “Aí pergunto: Por que eles vêm durante meses, durante anos? Eles vêm porque gostam de ter contato com outras pessoas, não só monitores, mas também com outros idosos. Eles criam uma identidade, um grupo, que dura muitos e muitos anos.”


Ambiente natural do Parque da Água Branca é um fator positivo à realização do projeto (Foto: Lucas Faraldo Knopf) 

Benefícios reconhecidos

Após a sessão de alongamentos, Chein —  que, por razões pessoais, preferiu não falar seu nome completo —, aluna do “Exercício e Coração” desde 2007, deu sua opinião sobre o projeto. “Acho muito louvável o que estes meninos fazem. Eles dão a consciência corporal que as práticas de exercícios exigem. Explicam todo o trajeto que tem que ser feito, desde o alongamento, ao tipo de caminhada”, ela contou. “Quem puder, deve participar, porque é um projeto que faz muito bem para a saúde”.

As aulas acontecem todas as segundas, quartas e sextas-feiras, das 7h às 11h, no Parque da Água Branca, na zona oeste de São Paulo. Os organizadores do projeto estão disponíveis, dentro do próprio parque, para atendimento e avaliação de saúde a partir das 7h15 desses mesmos dias.