ISSN 2359-5191

19/09/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 66 - Saúde - Faculdade de Medicina
Pesquisadores propõem sistema de vacinação mais eficaz para pacientes com HIV
Doses aplicadas em idosos são a principal alternativa para uma resposta imunológica positiva em aidéticos
Esquema de vacinação proposto já é utilizado no exterior / Foto: Wikimedia Commons

Ao buscar alternativas mais eficazes para a prevenção de pneumonias causadas por algumas variedades de bactérias pneumococos em pacientes com aids, um estudo desenvolvido na Faculdade de Medicina (FM) da USP mostrou que a utilização das vacinas elaboradas para aplicação em crianças possui maior eficácia nos pacientes HIV positivos. Atualmente, são utilizadas nesse grupo as mesmas vacinas elaboradas para a população idosa do país.

Em sua tese de doutorado, a médica infectologista Ho Ye Li avaliou se o esquema atual de vacinação contra pneumonias causadas por duas variações da bactéria pneumococo, aplicados nos pacientes com aids, é o mais adequado. “A proposta também era identificar outras opções de vacinação para essa população”, completa a pesquisadora.

Segundo Ho, até então, a vacina utilizada no mundo inteiro não traduzia o que a área de saúde chama de “memória imunológica”, que seria uma resposta definitiva de proteção do corpo, sem a necessidade de novas doses. “As vacinas usadas possuem uma resposta de proteção de apenas 5 anos. Para suprir essa eficácia limitada, o ideal seria uma vacinação periódica. Mas essa prática acaba acarretando numa resposta de anticorpos muito menor do que na primeira aplicação”, explica.

Durante o projeto, foram realizados acompanhamentos com pacientes do Ambulatório para HIV Positivos do Hospital das Clínicas da FM, popularmente conhecido como Casa da Aids. No processo, 331 paciente adultos, que nunca haviam sido vacinados contra pneumonia e que apresentavam um nível de imunidade um pouco mais elevado, foram submetidos à aplicação de vacinas contra três tipos de bactérias. Foram comparados três esquemas de vacinação. No primeiro eram aplicadas as vacinas para idosos utilizadas no cotidiano ambulatorial. No segundo, as vacinas utilizadas para a população infantil, que produzem uma resposta imunológica de longo prazo. O terceiro grupo contava com uma combinação das duas outras vacinas.

Os participantes realizavam uma coleta de sangue, antes de tomar a dose da vacina, para verificações imunológicas. Depois de 60 dias da aplicação, uma nova coleta sanguínea era feita para analisar a resposta imunológica obtida. “Um grupo menor se submeteu a uma segunda dose da vacina, para verificarmos se essa dose extra promovia um grau de imunização mais elevado e, quatro meses depois, colhiam sangue novamente”, explica Ho.

Os resultados obtidos a partir da análise das amostras mostraram que, para duas variedades da bactéria pneumococo, num universo de mais de 90 variações, a vacina utilizada em crianças apresentou a melhor resposta imunológica entre as três vacinas aplicadas. “Dessa forma, percebemos que a vacina utilizada hoje nos postos de saúde não é a mais eficaz”. Outro ponto observado foi com relação à segunda dose, que se mostrou dispensável por não aumentar o grau de imunidade com relação aos pacientes que não a tomaram.

Ho acredita que o resultado obtido será um grande passo na busca por um sistema de imunização de HIV positivos mais eficiente, uma vez que a aids afeta diretamente o sistema imunológico e torna o corpo mais vulnerável às doenças oportunistas. “A vacinação contra pneumonia em crianças está bem estabelecida e para a população idosa segue o mesmo caminho. A ideia aqui é propor uma mudança para o governo na estratégia de vacinação para os pacientes com HIV”. Para Ho, um dos grandes obstáculos dessa viabilização está no preço do novo esquema de vacinação, cuja dose tem um custo quase cinco vezes maior do que a utilizada hoje. “Ainda que se tenha a questão econômica, acredito que a proposta será viabilizada, uma vez que já foi implantada nos Estados Unidos”.


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