ISSN 2359-5191

26/09/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 71 - Saúde - Escola de Enfermagem
Estudo analisa papel da escola na vida de crianças autistas

A pesquisa Autismo e escola: perspectiva de pais e professores, da Faculdade de Medicina da USP, afirma que 85% dos cuidadores de crianças e adolescentes com espectro de autismo percebem a escola como uma experiência positiva para seus filhos, mas apenas 18%  acredita que ela desenvolva o aprendizado, a comunicação e a independência deles. De acordo com o estudo, o aspecto de maior progresso proporcionado pela experiência escolar é o desenvolvimento social, apontado por 53% dos cuidadores.

A fonoaudióloga Ana Gabriela Lopes Pimentel iniciou a pesquisa no ano de 2010. Na época ela atendia crianças autistas e durante esse período surgiu o questionamento sobre o papel da escola na vida de seus pacientes. ”Me questionava muito sobre a inserção das crianças na escola e nas conversas com as famílias surgiu a dúvida se essa inclusão era efetiva”, diz.

A primeira etapa da pesquisa consistiu em entrevistar 56 cuidadores que levavam semanalmente as crianças para atendimento no Laboratório de Fonoaudiologia dos Distúrbios do Espectro do Autismo. De acordo com os resultados, 96,4% deles tinham filhos frequentando a escola e 14% afirmaram não perceber efeitos positivos atrelados à experiência escolar da criança. Sobre este dado, Ana Gabriela verificou que 100%  das crianças que, segundo os cuidadores, não expressavam benefícios com a escolarização, tinham apenas um professor em suas salas de aula.

Após a etapa de entrevistas desenvolvidas com os cuidadores, 51 professores que atendiam crianças com espectro de autismo foram contatados. A comunicação ocorreu por meio de uma carta, que acompanhava um questionário, e que era levada pelos pais até os professores. A maioria deles era do sexo feminino, entre 31 e 40 anos de idade, e tinha formação em pedagogia, oscilando entre 1 e 20 anos de experiência na profissão.

Os questionários analisados revelam que os professores acreditam ser a comunicação e as relações interpessoais as áreas mais influenciadas no desenvolvimento da criança pela escola, e apontam que as dificuldades enfrentadas dizem respeito, principalmente, à comunicação, ao aspecto comportamental e à aprendizagem. Os dados também demonstram que os professores consideram receber apoio suficiente da coordenação da escola para o desempenho de seu trabalho, mas que não acreditam que ocorra o mesmo por parte de outros profissionais. Segundo eles, também há um déficit de tecnologia de ensino adequado.

De acordo com Ana Gabriela, a pesquisa serve para alertar os profissionais de que há pouco conhecimento sobre o autismo e apontar que é preocupante o fato de ser o desenvolvimento social o resultado positivo da escolaridade relatado pela maioria dos participantes do estudo. Na perspectiva da pesquisadora, a não menção de resultados na área educacional pode ser devido à subestimação do potencial educativo das crianças e adolescentes com autismo ou à ignorância dos resultados escolares pelas pessoas que devem compartilhar a responsabilidade por sua qualidade. “É necessário uma formação mais específica para os profissionais, que a sociedade reflita sobre esse assunto e que sejam realizadas ações a fim de melhorar a qualidade da inclusão escolar dessas crianças.”

Mais informações: anagabrielalpimentel@gmail.com

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