ISSN 2359-5191

02/12/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 109 - Educação - Faculdade de Educação
Mestrado propõe psicanálise contra indisciplina no ensino infantil
Conversas em conjunto combatem estereótipo da “criança-problema”
Foto: 2xSamara.com

O modelo de ensino infantil que promove a segregação de crianças ao estabelecer padrões de comportamento e critérios de normalidade pode ser combatido a partir de diálogos entre os responsáveis pelo processo de aprendizagem seguindo as orientações da psicanálise. A busca pela eficiência e a pressão por resultados, que já se fazem presentes nesta fase de desenvolvimento, aparecem como obstáculos a uma educação capaz de incluir todos os alunos.

É o que conclui a pesquisa de Tânia Maria Asturiano de Campos Rezende para a Faculdade de Educação da USP (FE), que resultou na dissertação Da criança problema na educação infantil à criança como enigma: uma direção marcada pela psicanálise. Diretora da escola Jacarandá - Berçário e Ensino Infantil há vinte anos, Tânia usou sua experiência de gestora como objeto de pesquisa e pôde concluir que os administradores também possuem um papel importante no desenvolvimento das crianças, e devem se desprender das funções burocráticas para dar atenção às questões educacionais.

Conversações como método ideal

A pesquisadora utilizou a psicanálise de orientação lacaniana como principal direcionador e concluiu que há mobilidade a partir das noções de discurso. “A preocupação é que as crianças não fiquem engessadas num determinado rótulo”, afirma. Tal engessamento é fortalecido por diversos fatores, incluindo a contribuição da psicologia e da medicina baseadas em evidências, que não toleram desvios de comportamento por parte dos alunos.

A solução, aponta Tânia, são as conversações entre os educadores e gestores envolvidos no processo de ensino. Diferentes de diálogos, fundamentam-se em deixar que as falas circulem com mais liberdade, sem sofrer avaliações ou censura. Juntos, eles buscam garantir um acompanhamento positivo do caso de cada criança.

A criança como enigma

Ainda segundo a professora, é importante ressaltar que, nessa proposta de ensino, não se devem considerar os casos de acompanhamento como exitosos ou não. Os alunos que apresentam problemas devem ser tomados individualmente segundo sua subjetividade. O conceito de educação inclusiva também deve ser utilizado com ressalvas, aponta Tânia. Há alunos que não se enquadram no padrão de inclusão (possuir alguma deficiência física ou mental, por exemplo) e são os que mais mobilizam os educadores. O mais importante, conclui a pesquisadora, é “abrir caminhos para práticas em educação que sigam em direção a uma ética do sujeito, considerando educadores e crianças como seres de linguagem, irremediavelmente incompletos e com uma face enigmática irredutível a qualquer rótulo diagnóstico”.

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