ISSN 2359-5191

20/12/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 123 - Ciência e Tecnologia - Instituto Oceanográfico
Litoral brasileiro já foi mais frio e mais quente que atualmente
Pesquisa traça perfil dos últimos três mil anos e vê variações que independem da ação do homem
Região da Ria do Mamanguá, local de estudo da pesquisa. / Fonte: www.paraty.tur.br

A pesquisadora do Instituto Oceanográfico da USP, Amanda Mattosinhos Spera, realizou um estudo no litoral sul do Rio de Janeiro, para avaliar as mudanças naturais no clima do hemisfério sul, nos últimos três mil anos. Ela identificou variações climáticas que mostraram que a Terra esquentou e esfriou nos últimos milênios, independentemente da ação do homem.

Segundo Amanda, é preciso conhecer a variabilidade climática natural da Terra para podermos lidar com as mudanças no clima que estão por vir, sejam elas resultado da poluição humana ou não. “Este trabalho foi importante porque mostra a presença de eventos climáticos conhecidos aqui na América do Sul. Grande parte destes estudos é realizada no Hemisfério Norte. Até então, havia poucos trabalhos mostrando a presença destes eventos no Hemisfério Sul.”

Amanda buscou compostos no sedimento marinho que distinguem a matéria orgânica vinda do continente daquela proveniente do fitoplâncton marinho. Uma maior quantidade de compostos terrestres, por exemplo, indica um período mais chuvoso e, consequentemente, com uma maior descarga fluvial. “Os rios são importantes, pois transportam nutrientes para a região costeira. Uma maior influência continental pode ser observada através do aumento dos marcadores terrígenos, que indicam justamente maior atividade pluvial [mais chuvas].”

Os marcadores orgânicos moleculares que Amanda se refere são os compostos n-alcanos e alquenonas. Eles servem justamente para identificar a origem dos sedimentos marinhos e a temperatura da superfície do mar no passado. “Escolhi estes marcadores porque são compostos orgânicos que caracterizam fontes biológicas específicas”. Amanda explica que os n-alcanos servem para diferenciar os compostos oriundos de plantas terrestres e do fitoplâncton marinho. Já as alquenonas indicam a temperatura média nos períodos geológicos da superfície do mar.

Nos resultados, Amanda conseguiu identificar o evento chamado de “Pequena era do gelo”, que também afetou o litoral carioca. “A pequena era do gelo, corresponde a um evento de resfriamento da Terra que ocorreu entre os anos de 1350 e 1850. Foi um período de inverno mais rigoroso na Europa e mais chuvoso em parte da América do Sul”.

Além da Pequena Era do Gelo, outro evento de destaque nos últimos três mil anos foi a Anomalia Climática Medieval, caracterizado por condições mais quentes e secas na América do Sul. No entanto, Amanda não encontrou a presença desse evento. ''Não encontrei indícios dele no meu estudo, provavelmente porque algum evento regional mascarou esse sinal."

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br