ISSN 2359-5191

20/12/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 123 - Economia e Política - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Alagamentos de São Paulo prejudicam economia nacional
Ligações da cadeia produtiva causam perdas que ultrapassam os limites geográficos da cidade
Enchentes paralisam a cidade/Rogério Geraldo

Estudo de mestrado desenvolvido por aluna da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP) apresenta as perdas econômicas causadas pelos alagamentos na capital Paulista. A pesquisa realizou o levantamento dos prejuízos diretos, ocasionados pela paralisação das operações e associou a atividade das empresas afetadas com a cadeia produtiva na qual se inserem, de forma a estabelecer os prejuízos indiretos, que afetam não só a economia do município mas apresentam reflexos em âmbito multi-regional.

Segundo dados do IBGE, a cidade de São Paulo responde por aproximadamente 12% da geração de renda do país. A partir deste dado é possivel inferir que problemas que levem a redução na produção industrial da cidade representariam amplas perdas para a economia nacional. Não obstante, a pesquisadora Eliane Teixeira, responsável pelo estudo, não se ateve apenas as questões locais, mas extrapolou os limites no município e analisou as ligações da cadeia produtiva da industria paulistana trazendo números que representam o potencial global de perdas.

A pesquisadora realizou a coleta de dados entre os anos de 2008 e 2012 e chegou a estimativa de um prejuízo médio anual da ordem de R$ 226 milhões em nível nacional, uma cifra alta que representa perdas significativas não somente para o município mas também para o Produto Interno Bruto (PIB).

Diante desta representatividade da produção da Capital paulista, Eliane avançou na análise para determinar os pontos da cidade que representam as maiores perdas econômicas em decorrência dos alagamentos, e, a partir da desagregação de dados, identificou os hotspots, ou seja, os locais em que se concentram os maiores prejuízos à produção ampla, considerando não somente a perda local mas a perda na cadeia produtiva.

A estimativa das perdas indiretas foi realizada através de um modelo Espacial de Equilibrio Geral Computável (EEGC) que se fundamenta em otimizações simultâneas do comportamento de empresas e firmas numa estrutura multi-regional. Este cálculo capta a distribuição geográfica dos impactos e apresenta os números relativos a produção caso não houvessem os alagamentos, para posteriormente relacioná-los com os dados reais e a partir de então  calcular as perdas.

Segundo Eliane, a identificação dos hotspots“serve não apenas para identificar as áreas mais críticas da cidade quanto às perdas econômicas decorrentes dos alagamentos, mas também nos permite avaliar economicamente os benefícios de projetos locais para redução de alagamentos”  

Obras antienchente

A nova gestão da prefeitura de São Paulo prometeu desengavetar as obras antienchente. Ao todo são 79 obras, algumas paradas há mais de 15 anos, que acarretariam um gasto aproximado de R$ 150 milhões, valor que, se comparado a perda potencial anual média, em âmbito nacional, estimada em R$ 226 milhões, segundo o levantamento realizado pela pesquisa global de prejuízos causados pelos alagamentos na cidade, já demonstra a viabilidade da execução.

Segundo o prefeito da cidade, em entrevista realizada pelo jornal O Estado de S. Paulo, são obras de microdrenagem que apresentam efeitos no curto prazo. Neste sentido Eliane destaca que “alguns exercícios feitos no estudo demonstraram que os benefícios com medidas corretivas ou preventivas podem superar exponencialmente os custos dos investimentos. E otimizando gastos na área de infraestrutura, os recursos excedentes podem ser direcionados para outras áreas de interesse da sociedade, como saúde, educação, mobilidade urbana e segurança.

Porém, estes investimentos não resolvem o problema de toda a cidade. Para regiões que requerem obras de macrodrenagem, a prefeitura lançou em setembro, um edital que prevê investimentos de cerca de R$ 891 milhões para a construção de piscinões e urbanização em áreas de grande incidência de enchentes.

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