ISSN 2359-5191

20/12/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 123 - Meio Ambiente - Instituto de Biociências
Etanol não é combustível tão "verde"
Foto: Sygenta

Pesquisa do Instituto de Biociências (IB) da USP encontrou um intenso grau de desmatamento em paisagens do Estado de São Paulo no período de expansão do cultivo de cana-de-açúcar, como resultado do Programa Nacional do Álcool (Proálcool). A dissertação de mestrado de Thaís Nícia Azevedo indica que o etanol, ao contrário de como é difundido, não pode ser considerado um combustível inteiramente sustentável.

A partir de 1973, com a crise do petróleo, iniciou-se uma expansão do cultivo da cana-de-açúcar, especialmente no nordeste paulista. O Proálcool foi criado pelo governo em 1975 com o objetivo de substituir a gasolina e outros combustíveis derivados do petróleo.

No estudo foram analisadas nove paisagens de São Paulo, que é considerado o maior produtor de biocombustível do país, nos anos de 1965, 1980, 1995 e 2010. A pesquisadora selecionou regiões que não tinham cana-de-açúcar antes deste período.

A pesquisa concluiu que, com a expansão da cana-de-açúcar houve grande perda da cobertura natural nas áreas estudadas – especialmente nas paisagens de campo cerrado e cerradão – além da substituição de pastagens. “Deve-se ter muita cautela ao afirmar que o etanol é um combustível verde, pois muito do que é produzido atualmente, não leva em consideração os danos ambientais causados, principalmente com relação ao desmatamento de áreas de cobertura natural”, afirma Thaís.

Segundo o Código Florestal vigente no período analisado, cerca de 30% de toda paisagem deveria ser composta por cobertura natural: as Áreas de Preservação Permanente (APP’s) devem conter uma média de 10% de vegetação natural, e as áreas de Reserva Legal, 20%.  “Em nenhum momento em que a cana-de-açúcar foi a matriz da paisagem – ou seja, acima de 50% dela – a porcentagem de cobertura florestal foi igual ou superior a 30% da paisagem”, diz a pesquisadora que concluiu em sua análise que até mesmo as APP’s foram devastadas durante a vigência do Proálcool.

No último período de transição, entre 1995 e 2010, Thaís percebeu que a conversão de cobertura natural para cana-de-açúcar foi menor, portanto, evitada em Áreas de Preservação Permanente. Outro aspecto deste último período foi uma maior regeneração dentro das APPs do que fora delas: “Isso pode sugerir que programas de proteção ambiental, como o Etanol Verde e Certificação Ambiental sejam efetivos”. O programa Etanol Verde, criado em 2007, incentiva a produção sustentável de biocombustíveis, englobando ações para a preservação de matas e recursos naturais. Já o segundo consiste em instrumentos para educar os consumidores sobre os impactos ambientais de certos produtos.

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