Cerca de 25 a 50% da população é portadora assintomática de Candida (fungos) na cavidade bucal, chegando a 64% nos usuários de próteses dentárias. De acordo com a tese de doutorado de Tatiana Miyazima, da Faculdade de Odontologia, a utilização de probióticos, bactérias benéficas à saúde, é um método eficiente para a prevenção de infecções por diminuir a presença de fungos na boca.

O objetivo principal da pesquisa foi avaliar o efeito do consumo de probióticos sobre os níveis de colonização de Candida da cavidade bucal em usuários de dentadura. Segundo a pesquisadora, a principal motivação foi a necessidade de se utilizar métodos alternativos aos antifúngicos tradicionais. Apesar de serem eficazes, os antifúngicos podem causar efeitos colaterais ao paciente. “Outro problema é a resistência do microorganismo a esses medicamentos, devido à utilização incorreta e irrestrita dos antifúngicos por parte de pacientes e até de profissionais que não solicitam o exame para identificar qual espécie de Candida está associada à infecção”, explicou Tatiana.

Para a realização do estudo, os probióticos foram ministrados para os pacientes que receberam novas dentaduras na clínica da FO, que ingeriam uma fatia diária de queijo minas frescal suplementado.

Os queijos foram produzidos com a colaboração da professora Susana Marta Isay Saad, Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Foram realizados teste de viabilidade dos probióticos, para verificar se eles se mantinham vivos; e teste de qualidade de produção e consumo, que media os níveis de contaminação do queijo minas frescal.

A pesquisa foi realizada durante oito semanas e os pacientes foram divididos em dois grupos e cada um recebeu queijo suplementado com um probiótico diferente,s endo eles o L. acidophilus e o L. rhamnousus. Ambos os grupos apresentaram redução significativa dos níveis de colonização de Candida. Além disso, a aplicação diferenciada possibilitou a identificação exata da ação de cada um.

Pessoas sem comprometimento no sistema imunológico e que apresentam candidíase oral são tratadas com os antifúngicos tradicionais e eles geralmente surtem efeito. O problema surge quando existe uma resistência ao medicamento ou algum outro problema que leve à recorrência da doença.

A infecção torna-se um problema maior em alguns pacientes com aids, pessoas que façam tratamento de radio ou quimioterapia e pacientes hospitalizados, que podem aspirar o fungo presente na cavidade bucal.