ISSN 2359-5191

24/06/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 28 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Críticas a projeto sobre uso de animais em testes laboratoriais convergem entre veterinários e ativistas
Em debate na FMVZ, profissionais destacaram caráter permissivo e redundante do projeto de lei que proíbe animais na indústria de cosméticos
O biólogo Sérgio Greif mostrou alternativas ao uso de animais em pesquisas e ensino. Foto: Carolina Shimoda

Defensores dos direitos dos animais e pesquisadores de medicina veterinária demonstraram opiniões convergentes quando foram perguntados sobre o uso de animais para testes da indústria cosmética e o projeto de lei que buscava limitar essa prática. Com a proposta de discutir o uso de animais no ensino e na pesquisa, o evento realizado no último dia 5, na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, buscou trazer diferentes pontos de vista em relação ao assunto.

Segundo o convidado Sérgio Greif, biólogo e defensor dos direitos dos animais, o texto aprovado pela Câmara dos Deputados no último dia 4 é totalmente permissivo, uma vez que prevê um período de até cinco anos para que os testes realizados em animais para desenvolvimento de cosméticos, produtos de higiene pessoal e perfumes adotem medidas alternativas ao uso dos seres vivos. Quando questionado acerca disso, ele foi enfático: "a lei deveria ser aplicada imediatamente”.

Para a médica veterinária e pesquisadora Cláudia Mori, também convidada para o evento, o projeto chega a ser redundante. "O desenvolvimento de cosméticos não envolve o uso de animais, porque já se conhecem as substâncias utilizadas; elas são apenas recombinadas para formular um produto novo”.

O projeto que agora segue para aprovação do Senado proíbe a utilização de animais em testes e pesquisas para criação de cosméticos, produtos de higiene pessoal e perfumes caso os ingredientes que compõem o produto já tenham efeito conhecido e seguro para o ser humano. Nos casos em que as substâncias possuírem resultados desconhecidos para o homem, as instituições terão até cinco anos para abolir a prática, a partir do momento em que uma forma alternativa de se testar as substâncias puder ser executada.

Questionamento ético
O evento, realizado pelo Centro Acadêmico Moacyr Rossi Nilsson (CAMRN), ainda contou com mais dois participantes. Adriana de Siqueira, médica veterinária, e Luis Martini, biólogo e psicólogo, também estiveram no meio do debate. Enquanto Adriana expôs um relato pessoal sobre o uso de animais em pesquisas, Luis procurou sintetizar e reafirmar a possibilidade de se encontrarem métodos alternativos à prática.

Martini destacou, principalmente, que o grande conflito do assunto ali proposto é o viés ético, e que é preciso vontade política para fazer os métodos alternativos ao uso de animais em pesquisa e ensino acontecerem. “Não existe a falta de opção. É preciso mostrar vontade de fazer e perceber que o verdadeiro problema é o moral”, ressaltou. Ele ainda enfatizou que é importante os universitários e futuros profissionais se questionarem moralmente sobre o uso de animais tanto na pesquisa quanto no ensino e , a partir daí, procurarem saídas para isso. “Não se pode transformar incômodo moral e apatia moral”, finalizou.

Ao final do evento, os organizadores não puderam deixar de destacar a importância desse tema, que é fundamental tanto para os universitários, quanto para os pesquisadores da área. A convidada Cláudia Mori ainda afirmou que esse tipo de debate só pode ser proporcionado porque houve uma mudança na mentalidade tanto de quem é contra, quanto de quem é adepto da prática, gerando uma discussão saudável e construtiva.

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