ISSN 2359-5191

09/12/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 97 - Saúde - Faculdade de Odontologia
Irradiação com laser para prevenção da erosão deve ser usada com cuidado
Protocolos com densidades de energia muito altas podem ocasionar perda de tecidos, comprometendo ainda mais uma estrutura já lesionada
Na figura, um laser é irradiado em um dente animal

Os prejuízos trazidos pela progressão de cáries tem apresentado números cada vez menores e isso está ligado, principalmente, ao fácil acesso às informações de prevenção e tratamento. O quadro não é o mesmo para as lesões não cariosas, como a erosão e a abrasão. Decorrentes, respectivamente, da ingestão de ácidos e da escovação errada em conjunto ao uso de pastas dentais abrasivas, estes problemas têm se tornado cada vez mais comuns.

Ainda não há, no entanto, meios para a recuperação do esmalte ou da dentina perdidos com erosões e abrasões. O tratamento, atualmente, é baseado, principalmente, na mudança de hábitos do paciente. Assim, ele deve ingerir ácidos em menor frequência, ou usar alternativas para diminuir o contato destas substâncias com os dentes, o uso de canudos é um exemplo.

Samira Helena João de Souza, aluna de doutorado da Faculdade de Odontologia (FO) da USP realizou um estudo para analisar os efeitos da progressão de lesões de erosão com a aplicação de laser e flúor. Foram dois trabalhos: no primeiro, foram utilizados três protocolos do laser aplicados individualmente e depois com associação a flúor. No segundo, foram utilizados dois protocolos, desta vez com densidades de energia de laser mais baixas, mas aplicados da mesma forma. Nos dois havia também a presença de um grupo controle e o material analisado era um pedaço de dente com dentina exposta, a partir de uma lesão provocada por ácido cítrico.

O método de funcionamento do laser utilizado nesse trabalho é baseado em um processo inicial em que a superfície dentinária é “derretida” devido ao aumento de temperatura que ele gera. Logo em seguida, ela volta a se solidificar e, assim, se torna mais resistente a ácidos. Este procedimento é adotado em dentes íntegros de pacientes que sofrem com hipersensibilidade e, nesses casos, apresenta ótimos resultados. No estudo, segunda camada da estrutura dental, a dentina, já estava exposta e erodida, e as consequências exigem atenção.

Samira averiguou que os protocolos com densidades de energia mais altas, em um dente erodido são prejudiciais, uma vez que resultam em perda de estrutura, o que vai exatamente contra o desejado. Ao adotar irradiações mais baixas, conseguiu evitar novos danos físicos ao tecido do dente, mas não um combate às lesões tão eficientes quanto a aplicação isolada de flúor, procedimento que já é realizado atualmente.

A pesquisadora busca, no doutorado, continuar no mesmo campo de estudo. Está separando novos protocolos e ampliando não só os tecidos analisados como também as doenças associadas. Até o momento, tem trabalhado com o esmalte do dente e com a hipersensibilidade dentinária. O maior fruto de sua pesquisa de mestrado foi alertar o risco da irradiação padrão para dentes íntegros em estruturas já erodidas. “O mais importante é que as pessoas saibam que isso existe e saibam também como evitar”, afirma. Segundo ela, ainda há muito a ser analisado até que se adote um tratamento realmente efetivo para as erosões. O essencial, em sua opinião, é difundir essas informações para diminuir o número de casos e a progressão das lesões.


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