A pesquisadora Juliana Palma Abriata Barcellos desenvolveu um sistema que utiliza o ácido ursólico, substância que reconhecidamente ajuda a matar o Trypanosoma cruzi, protozoário causador da doença de Chagas, e conseguiu reduzir em 50% a viabilidade dos parasitas nas células humanas. “Este fármaco possui baixa solubilidade em água. Devido a essa dificuldade, estratégias têm sido empregadas com o intuito de aumentar a biodisponibilidade e a eficácia deste fármaco no organismo”, comenta Juliana.
Para conseguir utilizar o ácido ursólico, a pesquisadora utilizou nanopartículas poliméricas. “Estes sistemas nanoencapsulados destacam-se pela alta eficiência de encapsulação do fármaco”, disse Barcellos. É através destas partículas muito pequenas que o ácido é inserido nas células. O sistema criado conseguiu não ser tóxico às células e introduz a substância na célula contaminada com sucesso, o que é a maior dificuldade quando se trabalha com o ácido ursólico. Em 48 horas o ácido conseguiu reduzir pela metade o número dos parasitas na célula.
O sistema também apresentou potencial terapêutico porque foi introduzido em animais infectados com o Trypanosoma cruzi e o ácido chegou ao ao interior da célula, o que comprova a efetividade do sistema.
Juliana Barcellos critica também as prioridades da indústria na hora de produzir medicamentos. “[A doença] acomete milhões de pessoas de baixa renda e em países subdesenvolvidos e é, por isso, negligenciada pela indústria farmacêutica”, disse a pesquisadora. “[Por isso] não existe uma terapia eficaz contra os parasitas na fase crônica da doença”.
A pesquisadora sugere no estudo também que esta terapia poderia ser aderida pelo Sistema Ùnico de Saúde. “No SUS existe a necessidade dessa medida de segurança para pacientes que recebem transfusão sanguínea”, completa Juliana.