ISSN 2359-5191

24/02/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 10 - Educação - Faculdade de Educação
Aspectos culturais influenciam na composição do currículo de matemática
Educador investiga em que medida conhecimento matemático se manifesta nas relações de poder e como ele é utilizado na sociedade contemporânea

É comum pensar a matemática como uma disciplina puramente teórica. Entretanto, diferentes aspectos influenciam na formação de seu currículo, sejam eles de ordem cultural, social, econômica ou política.

Na pesquisa de doutorado Currículo, cultura e matemática: uma aproximação possível?, o educador Elenilton Vieira Godoy investigou em que medida o conhecimento matemático se manifesta nas relações de poder e como ele é utilizado na sociedade contemporânea.

Inicialmente, era considerado que aprender as disciplinas do currículo seria o suficiente para que os estudantes adquirissem conhecimentos sobre o que foi deixado como cultura geral. Entretanto, como Godoy afirma em sua pesquisa, houve uma mudança desse panorama: “A partir, mas não somente, da massificação da educação, estimulada pelo crescimento acelerado do capitalismo por meio da industrialização, a busca por mão-de-obra qualificada (...), as disciplinas escolares, principalmente as ciências (...) e a matemática passam a exercer e ter um papel mais importante (...) para os propósitos do ensino voltados para a eficácia”.

Elenilton se pauta pela visão pós-crítica do currículo escolar. Segundo essa visão, as disciplinas tem a função de regulamentação social, isto é, servem para disciplinar o indivíduo de acordo com a sociedade em que ele está inserido.

Assim, cabe ao professor e aos alunos o questionamento desse modelo. Sobre isso, Elenilton afirma: “No caso do professor, ele precisa desconfiar do porquê destes e não de outros conhecimentos; (...) desconfiar do modo como sua disciplina se relaciona com as questões do poder, da inclusão e da exclusão dos sujeitos na escola e na sociedade”.

Ele também discorre sobre o papel dos alunos: “À medida que seja possível e haja maturidade para isso, [o aluno] deve desconfiar dos porquês de certas disciplinas serem mais privilegiadas do que outras”.

Sobre essa discussão, o pesquisador afirma que as disciplinas sempre foram o centro que conduzia os debates envolvendo a organização curricular, mas que hoje ocorrem algumas mudanças: “Nos últimos anos, parece-nos que tal centralidade tem sido colocada em segundo plano, principalmente, acreditamos, a partir do instante em que tais discussões realizadas na área do currículo se tornam mais teóricas”.

Em sua tese, Elenilton discorre sobre o ponto de partida de sua pesquisa: “O estudo por nós realizado teve como ponto de partida a discussão sobre os lugares privilegiados dos conhecimentos científicos e de outras naturezas”. Para analisar esses privilégios, foi estudado como o saber escolar é construído por meio das disciplinas escolares.

Leia também...
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br